Uma cidade fantasma, feita de sombras, memórias, do que já não é.
Arrumo as malas.
Não sei para onde ir...
Nada me impede ou me impele.
Se houvesse um sentido deixaria que me guiasse.
Mas não há nada.
A cidade está vazia!
Quero entender o que está por trás das coisas:
os encontros, trajetórias, aquilo que não termina.
Quero livrar-me do animal em mim que pulsa e deseja,
do que me faz sem razão,
do que me toma e me faz cega em ciúme,
do que me faz crer que não há nada que importe mais do que o meu corpo em outro.
Quero livrar-me, nem que por um breve instante, de minha humanidade.
Por descuido ou propósito abri a porta de casa e deixei que assim ficasse enquanto transitava por salas e quartos , que tantas vezes me encantaram.
Em uma manhã, sem que eu esperrasse, ou soubesse, ao abrir a porta da sala da minha casa me deparei com um mundo inteiro; desenhado com outro traço, nuance e cores, animado por outras melodias, construídos sob alicerces que meus olhos ainda desconhecem.
E aqui estou, parada na porta da minha casa!