sábado, outubro 05, 2013

Contracenando com o incomunicável

- Me estranha tanto quanto me parece saudável reconhecer que não é meu esse momento. De longe, sem estar distante, te vejo seguir seu caminho. Nada que eu diga ou faça nesse momento mudará o rumo das coisas, o seu rumo. Sou uma espectadora atenta e apaixonada.
Quero acreditar ser possível viver e construir o amor, dividir, doar, receber, dizer e escutar mesmo nos momentos mais áridos. Amar o outro e ter questões sobre o que te constrói...
As coisas, tudo que tem acontecido... tão intenso, rápido... Tenho um novelo emaranhado, e muitas pontas, não sei muito bem por onde começar.

- Não entendi. Não entendo quando fala assim...

- É que eu não queria me perder nos dias que se repetem, perder esse ponto de vista, esse lugar de onde cada gesto é especial, único. Me ensina a não ser banal?

- Por que você tem que ser profunda em todas as coisas?? 

domingo, agosto 25, 2013

MEU CARNAVAL


No salão de tantos risos e alegrias, te encontrei sem fantasia.
Te falei do querer mais pra libertar meu coração. E pedi: "Me espera? É que a vida tá pouca e eu quero muito mais!"
Você disse "eu quero sim!  Mas não se esqueça de mim, não desapareça!"
Mas com a chuva caindo, perdi a cabeça. Saí do seu lado.

De repente apareceu e disse: "Já tá fazendo um ano...quero matar a saudade".
E meu coração, sem mais nem por quê, bateu feliz ao te ver.
Mas fugiu de mim, mesmo eu sendo a mais bonita das cabrochas dessa ala.
Não sabia que sou a mais valente, nessa luta de rochedo e mar.
Atravessei seu mar.
E no beijo de agora já não foge mais de mim.
Com você quero a paixão violenta dos nossos ainda oitenta carnavais.



sexta-feira, agosto 09, 2013

...porque um encontro são dois, eu não corresponderei as suas expectativas.
Serei o encanto e a surpresa. O bem e o mal.
Comungando os mistérios com as estrelas, peço que seus olhos suportem minhas cores,
que seus sentidos não se fechem ao áspero em mim,
que a minha humanidade feia não te apequene a ponto de querer negá-la.

Porque o que eu quero mesmo é que que na minha carne crua você encontre aquilo que está por trás de todas as coisas.

quarta-feira, agosto 07, 2013

Meu rei

De plebeu a rei... Perdida a coroa culpou seu povo; traição e desonra. 
Mas não era ele que passava as noites desdizendo as verdades de fidelidade e palavra? O grande engodo. Rei apenas no bordel onde disfarçava a realidade com putas pagas.

domingo, agosto 04, 2013

QUE VENHA A TEMPESTADE!

Em mim a tempestade é bem vinda;
que destrua aquilo que já não pode permanecer,
que clareie com sua ira a minha tecedura rota.

E que dissipando-se, revele-me um novo abismo,
um espaço de não saber,
um grito hediondo, selvagem e ancestral.

A minha parte farei com entrega, escuta e palavras.






segunda-feira, julho 22, 2013

Um desassossego feito febre.
Um tatear de espaços e disposições.
Um caminho sem volta,
uma curva que não me oferece abrigo mas que me expõe aos perigos da queda.

Sigo.
Sei dessa morte por trás do fim de todas as coisas
e ainda que me cause  medo,
não me impede de seguir.
Porque o abismo desperta em mim todos os instintos,
como se o perigo me fizesse ver melhor os fios que se enlaçam em nó
e me sustentam ou sufocam.

quarta-feira, julho 17, 2013

Trígonos exatos

Não sei dizer ao certo ...
Talvez eu tenha perdido a clareza dos contornos, a escuta apurada para os silêncios...
Ou apenas tenha me cansado do desafio dispendioso de desenterrar tesouros.

Aprendi que memória as vezes é também o passado.


sábado, julho 13, 2013

PRETO CAFÉ

Materializou-se ali,
vestida com as infinitas possibilidades do encontro.
No olhar o arrebatamento da paixão,
no movimento uma leveza fluída.

Preto café existencialista de futuras manhãs.


Observei-a - incrédula e feliz - fumando seu cigarro.

domingo, junho 16, 2013

A justa medida dessa fúria

Pode ser apenas a memória de um olhar.
Pode ser o arroubo da felicidade que nos pega distraídos.
Pode ser a promessa do desconhecido.
Quem sabe a arte do encontro...
O risco de vida de quem está vivo.

E estar vivo é tão relativo!
Para mim a fúria.
Para você a métrica.
E enquanto seu espaço exato me enfurece
e minha urgência é crítica no que te tece,
nos ocupamos do que pode vir a ser eu e você.

O ritmo dessas palavras

sexta-feira, maio 31, 2013

ORFEU - Daquilo que não pode ser visto

Orfeu apaixonou-se por Eurídice e casou-se com ela. Mas Eurídice era tão bonita que, pouco tempo depois do casamento, chamou a atenção de um apicultor chamado Aristeu. Quando ela recusou suas atenções, ele a perseguiu. Tentando escapar, ela tropeçou em uma serpente que a mordeu e a matou.

"Orpheus in the Underworld" - Jan The Elder Brueghel
Orfeu ficou transtornado de tristeza. Levando sua lira, foi até o Mundo dos Mortos, para tentar trazê-la de volta. A canção pungente e emocionada de sua lira convenceu o barqueiro Caronte a levá-lo vivo pelo rio Estige. A canção da lira adormeceu Cérbero, o cão de três cabeças que vigiava os portões. Seu tom carinhoso aliviou os tormentos dos condenados. Encontrou muitos monstros durante sua jornada, e os
encantou com seu canto.
Finalmente Orfeu chegou ao trono de Hades. O rei dos mortos ficou irritado ao ver que um vivo tinha entrado em seu domínio, mas a agonia na música de Orfeu o comoveu, e ele chorou lágrimas de ferro. Sua esposa, a deusa Perséfone, implorou-lhe que atendesse o pedido de Orfeu. Assim, Hades atendeu seu desejo. Eurídice poderia voltar com Orfeu ao mundo dos vivos. Mas com uma única condição: que ele não olhasse para ela até que ela, outra vez, estivesse à luz do sol.
Orfeu partiu pela trilha íngreme que levava para fora do escuro reino da morte, tocando músicas de alegria e celebração enquanto caminhava, para guiar a sombra de Eurídice de volta à vida. Ele não olhou nenhuma vez para trás, até atingir a luz do sol. Mas então se virou, para se certificar de que Eurídice o estava seguindo.
(fonte: http://mitologia-da-grecia.blogspot.com.br/)

segunda-feira, maio 13, 2013

Santo Graal

Esse instante que vibra, que acorda o que me faz viva.
Um vaga-lume. Um estrondo. E já não é. De novo a sensação do mesmo.
Parto.
Um cavalgar errante em busca do Santo Graal , da fórmula secreta que contém a palavra. 

sábado, maio 11, 2013

sexta-feira, abril 26, 2013

Dissonâncias me angustiam.
Quero a harmonia tranquila dos afro sambas de Baden Powell,
a poesia apaixonada de Vinícius,
a harmonia clássica de Tom,
a água viva de Clarice,
o Achado de Saramago,
a redoma de vidro de Nin,
as camélias de Barbery,
as cartas de Rilke,
a desmesura de Hilst...



quinta-feira, abril 25, 2013

O tempo... essa coisa de Saturno.
É para sempre o tempo.
Seus desenhos únicos nas teias de nossos dias.

Talvez não haja justiça. Não, não há justiça! Mas há a beleza ímpar da tragédia.



El tiempo está después



Só de passagem

É uma lembrança esquálida, que se parece mais com um sonho... Mas sei que é real! Sei que andamos por aquela vila de casas na Vicente Machado; pés cuidadosos sobre as vigas do caminho; sua mão na minha, me guiando. Tão nobre  e gentil que mesmo me sabendo menina tratou-me como mulher.
Nunca esqueci esse dia, esse momento, sua nobreza! 

domingo, abril 14, 2013

sem caminho e sem tropeço

Veio sem caminho e sem tropeço.
Amei no começo.
Mas não lhe interessava o avesso.
Mandei devolver a Louis Vuitton e as Pumpers no seu nobre endereço.



Víbora - Sempre pode piorar

Era um de meus demônios.
O vestido preto, o salto que lhe fazia mulher, o sorriso fácil.
E  eu à sua espera, querendo cair e me perder.

Arrefeci meus limites. Desci.
Deparei-me com o cru. O desejo que já não sabe o que deseja. O grotesco. O veneno. Vivi o êxtase da rotina de exceções.

Como era de se esperar, a Víbora fez-se víbora . E ISSO é tudo que preciso dizer.

quarta-feira, abril 03, 2013

As ruas gritam seus demônios na madrugada, enquanto fico a tecê-los com a trama das palavras antes de se tornarem palavras.

sexta-feira, março 08, 2013

Travessia

Me precipito no abismo do que ainda não tem nome.
Caronte é um gato sorridente que me recebe com enigmas sobre a origem, o fim e espelhos...
Aqui a moeda é o véu que cobre meus olhos. Olhos acostumados a essa bruma que tece o véu das ilusões.

Navego minha travessia!