domingo, março 13, 2005

QUARESMA

Vontade de amar
de amanhecer suando
de paixão avassaladora tirando tudo do lugar!!

Vontade de me perder
de não saber mais como voltar
de dias perdidos na lembrança de um cheiro

Vontade de corpo
de você sorrindo
do "nós" se diluindo...

Vontade de língua mais do que palavra!

Na voz do Chico:
"Nunca é tarde, nunca é demais. Onde estou, onde estás... Meu amor, vem me buscar!
O meu destino é caminhar assim, desesperada e nua, sabendo que no fim da noite serei tua. Deixa eu te proteger do mal, dos medos e da chuva.
Acumulando de prazeres teu leito de viúva...
Vamos ceder enfim à tentação das nossas bocas cruas
e mergulhar no poço escuro de nós
Vamos viver agonizando uma paixão vadia, maravilhosa e transbordante,
como uma hemorragia.."

sábado, março 12, 2005

AS FÚRIAS


Não sei o que me toma. O quê não cabe.
Torno-me ira. Não reconheço valores ou qualquer autoridade.
O poder pleno em meu pulsar me dá direitos!
Nasci da consciência, do sangue derramado pelo tempo ao fazer valer sua idade.

Amo o mistério e o enlouquecer lento das incertezas diárias
.

quinta-feira, março 03, 2005

DA MINHA LIBERDADE


Há quem se renuncie por incapacidade de acolher o próprio desejo
Há quem perpetue enganos certeiros e por eles sofra - “agora e sempre”
Há quem viva a história de seus pais e vingue isso ou aquilo...
Há quem não saiba mais o motivo e desista na metade
Há quem se satisfaça com metade
Há quem não queira

Eu, particularmente, tenho um desejo profundo de ir além.
Nariz arrebitado, peito arrebatado...
Se não fosse você segurar minha mão, já teria partido,
desaparecido naquele escuro de mim.
Não deixe de vir, acenda as luzes, alimente meu cão,
Diga que me ama.
Só assim, sobreviverei à fome eterna,
aos pesadelos diurnos,
às fúrias, que de quando em quando,
habitam-me com seus enigmas, fazendo-me perder o rumo

terça-feira, março 01, 2005

SEGUNDA FEIRA

É segunda feira,

mas meu corpo inquieto tem ainda a sede da sexta.

A sede dos pensamentos livres, do acordar espontâneo, do corpo inteiro, do dia azul, do cão que late pedindo sol.

Que o deus dos sujeitos desejantes alivie meu tormento!!

Que o casaço trazido pela seqüência de segunda a sexta se apazigúe na terça, numa conversa de amigos ou em uma mesa de bar.

Não qualquer amigo e nem qualquer embriagues. Quero sim aquele capaz de me ver fraca... Quero o olho no olho, a verdade incauta, a sobriedade perdida.

Cadê você, que parece ainda ontem se sentava aqui, nessa mesa, em frente a minha janela, deixando que a vida deslizasse no verbo?

Onde estarei eu?

Que tempo é esse que fez de nós trabalhadores assíduos, esquecidos do gozo e da festa?

Ninguém nos disse!!

Não avisaram que o desejo impõe o mal estar em "estar" na civilização!

Que Dionísio me perdoe, mas preciso trabalhar amanhã bem cedo.