terça-feira, novembro 30, 2010

Nas encostas da noite

Galguei as encostas da noite. Atingi seu ponto mais alto.
E de lá, do topo da noite,
vi as luzes acesas em minha cidade.

Vi as sombras do que já foi...
Um cão latindo, um baralho aberto sobre a mesa, a melodia ancestral, o abraço na rodoviária, o amanhecer de uma época,  a intimidade, o eco de uma risada.

Da liberdade de amar

Perder você tornou meu amor livre.
Ele não quer saber onde esteve, ele apenas quer estar.

quinta-feira, novembro 25, 2010

Te rever depois de tanto tanto...


A mesma boca; lábios grossos e macios.

Os olhos apertados. O sorriso farto.


" - Quanto tempo!

- Pois é quanto tempo..."


O silêncio tumultuado de nossos olhares, lembranças, saudades.

O barulho da chuva. O inevitável...


Podia ter ligado. Avisado que viria. Quem sabe eu pudesse ter me preparado.

Evitado. Fugido.

Porque não sei o que fazer do bilhete que você deixou no espelho do banheiro.

Não sei o que fazer de tudo que ficou de você em mim.

terça-feira, novembro 23, 2010

A Narciso o que é de Narciso

Nada a seduzia tanto como a veneração do outro. Não conseguia resistir a inspiração artística, fosse em  verso, melodia, ou imagem.
O desejo no "olhar" do outro preenchia o que lhe faltava.
Fosse isso lá o que fosse. E que ninguém nunca soube o que era.
Como Narciso diante do espelho se deixava ficar, apaixonada pela própria imagem refletida naquele olhar.
Do outro aprendia gostos, fazia respeito e agrados. Mas amor mesmo sentia pela morena gostosa que via todas as manhãs no espelho!

Os movimentos de um escorpião

No entardecer, no congestionamento entre seu trabalho e sua casa, começou a pensar em suas roupas no armário. Havia peças que não usava a meses, anos talvez. Guardados do apego. O passado que insiste em permanecer.
Assim que chegou abriu as portas do armário e começou a separar o que lhe cabia, o que ainda era de fato seu do que era apenas souvenir de uma outra existência.

Olhando as roupas embaladas para viagem deu-se conta do quanto mudara. A dona daquelas roupas já não existia há muito tempo. Partira levando consigo a menina "enxaqueca". O passar dos anos lhe caia bem; abria-se cada vez mais a vida, ria com facilidade e o humor ácido era um bom tempero à intensidade que guardava para a intimidade.

Deu-se conta então que aquele era um rito no qual ela abria espaço para algo que começava a se tornar passado...
Sentiu a lâmina fria e cega da angústia tocar-lhe a face.
Quantas vezes ainda rcecomeçar, abandonar a casa, a casca...
Em Carne viva, barco ao mar.

Exausta, dormiu sem resistência. Sonhou sua nova despedida.
Sem remorso deixou a sacola de roupas na rua.
Vencida por sua sensualidade incisiva
passo minhas noites entrelaçadas às suas pernas

sexta-feira, novembro 19, 2010

Dizer adeus

É preciso dizer adeus...
Mas o vai e vem da sua mão no meu cabelo me detém por mais um instante...
O seu pé na minha perna.
O seu gosto na minha boca.
Preciso aprender a dizer adeus.

quarta-feira, novembro 17, 2010

Meu querido estranho!

Você me vê mas eu não vejo você!
Não sei qual material sustenta sua fortaleza.
Não sei quais imagens materializam seus desejos quando dorme.
Não sei o quer quer ganhar no natal.
Nunca vi o prazer no seu rosto ao sentir a água salgada em seu corpo.
Nunca tomei seu café pela manhã.
Nunca recebi flores suas.
Nunca soube o que sentia por mim.

segunda-feira, novembro 15, 2010

À PORTA DA SUA CASA ( a saga...)

15/11/2010

Refaço os passos, agora na direção contrária.
Percorro o caminho que separa a cama do sofá sem a certeza da última vez.
Sentada no sofá da sua sala fixo o olhar na porta À minha frente.
Não sei onde você está. A casa, vazia, tem ainda um pouco do que fomos. O cheiro talvez.
Não espero mais que me peça que fique.

.............................................................................. no início...
27/02/2010


Distante. Inacessível. Enigmática.
Entre caminhadas noites a dentro,
copos e risadas nas mesas de bar,
palavras ríspidas, carinhos quase roubados,
desejos inflamados, corpos esmaecidos,
expectativas vencidas...
Assim, aos poucos, com o passar das horas,
foi abrindo a porta.
Me olha, despindo-se da personagem que até então encarnava.
E eu, ali parada,
na frente da porta da sua casa!

 
23/05/2010

Ali, parada à frente da porta da sua casa...
Deixo-me ir... sem pensar, sem pesar!
Entro!
Você me olha sorrindo, sentada no sofá da sala.


02/08/2010

Atravessei a noite de meus fanstasmas ao seu lado, surpreendi-me com sorrisos sinceros e palavras sem amarras. Sorvi em pequenos goles a recente intimidade.
A cada porta aberta respondi com passos cuidadosos, indo sempre e apenas onde me era permitido.
Transito em sua história e espero ainda que segure em minha mão e me peça que fique.

sexta-feira, novembro 12, 2010

urgências

É preciso ir...
Ainda que meus olhos desejem permanecer nos seus.
É preciso esquecer...
Ainda que minha pele mantenha intacta a memória da sua.

O desejo é preciso, se é que me entende... desejo que fez ritmo do nosso entrelaçar. Mas também desejo do seu monento, do seu livre cavalgar - em mim, para mim.

E apesar de todo e tanto desejo, isso tudo deve ficar para trás.
Preciso urgentemente arracar sua carne da minha carne.

Porque o seu gostar é doído para mim.
Porque os seus demônios jamais nos deixariam.
Porque suas palavras em ira me deixam sem saber de quê tecido é feito seu querer.

...e tanto que me rendi... e você nem notou!
Há ainda desejo...
Leve e despreocupado.
Intenso e urgente.
Solto no tempo.
Preso pela persistente insaciedade.
Há bem mais do que desejo!

terça-feira, novembro 09, 2010

Minha alma entardece com mais leveza.
Talvez pela aventura do dia.
Talvez pelas promessas da noite.

quarta-feira, novembro 03, 2010

Saber que não há

Se eu soubesse como
eu faria.
Se eu soubesse o quê
eu diria.
Mas há um grande mistério envolvendo  o que é, ou será.
E eu, tão humana... recorrendo a tudo em busca de um saber que não pertence a minha esfera.
Aguardarei humildemente até que as moiras teçam o que me é devido, ou seria de vida?

terça-feira, novembro 02, 2010

Há uma suavidade assutastadora nesse amor...
Uma suavidade que ameniza certezas, insólitas aos meus olhos.
Uma suavidade que me faz te querer mais e ainda.
Está no tom da sua voz.
Na doçura do seu olhar.
No gesto que, por descuido, impulso, ou necessidade, transparece carinho.
Está em mim.

segunda-feira, novembro 01, 2010

Apenas estar em seus braços...

Pensamentos musicais

sou dada a amores difíceis e persistentes
("não espere eu ir embora pra perceber que você me adora");

a coragem é esssencial para se viver um grande amor
("o medo é uma armadilha que pegou o amor");

eu acredito na vida e sinto que logo ali na esquina há uma boa surpresa para mim!
("tengo ganas de ser la muchacha a la que nadie muchas veces creyó")