sábado, janeiro 23, 2010

ANDANÇAS

Em algum momento da vida a casa cai. As velhas estruturas ruem. Os cômodos passam a incomodar em sua ordem e disposição.
Reconstruir. Refazer. Recomeçar.
De onde? A partir de quê? Com que referência, se já nem sei mais o que gosto ou o que aprendi a gostar pelo gostar alheio.

Assim, parti. Pronta para experimentar e me envolver em mundos diversos, buscando-me.
Experimentei vontades que não eram minhas. Tentei caber onde não era meu lugar.

Vivi algum tempo isolada da palavra.
Sim!! Eu (?), sem a palavra...
Convivendo com quem não deixa espaço para palavra. Vivendo em um lugar construído pelo imaginário: lá onde eu acho que você acha e ninguém sabe ao certo o que se passa...
Vivendo a vida sem o afã de nomear o desejo, esquecida de mim, atropelando os dias, vestindo o desejo com Lexotan, álcool e estimulantes.

Até que não me reconheci mais...
Quem era aquela mulher que amanhecia sem saber onde e com quem?
Quem era aquela mulher seduzindo a pessoa à sua frente sem pensar em quem estava ao seu lado?
Quem era aquela, jogando para ter o que e quem queria?

Acho que foi aí que a poeira baixou e pude ver onde estava. As paredes caídas, as estruturas ruídas...
Começo a por ordem nas coisas.
E ontem, na mesa do bar, com os amigos, esses sim "de palavra" , senti que estava onde deveria estar.

quarta-feira, janeiro 20, 2010

LUZES DA MINHA CIDADE

E parece que a vida é a noite de uma cidade, com luzes aqui e ali... ao longo do tempo algumas se apagam; as vezes uma janela, as vezes um bairro inteiro. Tenho notado ainda, que com o passar do anos, se apagam mais luzes do que as que se acendem.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

A CAMINHO DE CASA

Perco,
no ato impensado,
no encontro desencontrado,
no medo de ser o que não se sabe...
Sinto,
o corpo colado ao meu,
respiração na minha nuca,
boca molhando a minha...
Sigo,
querendo teus olhos descansando nos meus,
teus cabelos em meu peito,
minha mão na sua...
Tranquilizo,
desejo tem seu trajeto,
mas não é eterno!



"Eu quase posso ouvir a tua voz
eu sinto a tua mão a me guiar
pela noite a caminho de casa
Me pedindo para apagar a luz
amamheceu é hora de dormir
nesse nosso relógio sem órbita
se tudo tem que terminar assim
que pelo menos seja até o fim
pra gente não ter nunca
mais que terminar"

sexta-feira, janeiro 15, 2010

MAIS UM DIA

E lá se vai mais um dia...
Mais um dia
em que a realidade não trouxe nada além de verdades vazias.
Mais um dia
em que a chuva forte não trouxe tranquilidade à conversa entre os desejos e possibilidades.
Mais um dia
em que o mundo, no ano do tigre, pôs suas garras de fora.
Mais um dia
sem saber para onde.
Mais um dia...
Quem sabe mais um dia apenas baste.

quarta-feira, janeiro 13, 2010

NAS MADRUGADAS

mais madrugadas...
menos ausência de palavras...

Para nenhum deles tive o tempo necessário.
Esse imensurável, que nunca nos diz quando lançará seu último grão de areia na ampulheta.

Eu não sei... cada vez sei menos!! O passar do tempo me trouxe isso.
Sei de coisas pontuais. Como do cheiro do pescoço que se esconde embaixo do seu cabelo ao amanhecer.
Sei da sedução latente enquanto dorme.
... ainda saberia desfrutar da nossa cadência de suor e desejo insone madrugadas a dentro.

sábado, janeiro 09, 2010

SEDUZIR

Cada um faz de um jeito.
Para cada um há um jeito.
Para mim? Bom ainda não sei ao certo.
Cheiro. Olhar. Pele. Palavra.
As vezes acho que é mais além,
que é inominável,
incomunicável.
Me atrai a impossibilidade. O tabu. O que promete e não realiza.
Me atrai a curva inexata do seu quadril. A risada solta. O franzir da testa. A cadência da lingua.
O cinismo do pretenso não desejo.
Sim, eu quero!
Vem agora. Sem compromisso. Sem por quê.