terça-feira, junho 14, 2011

Na porta da sua casa (final)

Atravesso a sala com passos lentos.
Há uma grande melancolia em abandonar essa casa, a sua casa. E olhando ao redor já não sei se de fato eram reais as teciduras que toquei, os nós da colcha da cama que você me mostrou enquanto chorava e o primeiro raio de sol do dia iluminava seus olhos.
Quem sabe tenha sido tudo um grande engano.
Páro na porta.
Lembro das fotos da sua infância; continuarão naquela caixa, escondendo do mundo seu rastro.
Dessa vez eu vou... um dia seu cheiro vai se perder nas minhas memórias (como você me prometeu naquele amanhecer).

(Ouvindo sua voz cantarolando baixinho para mim"canção pra não voltar" ... )


quinta-feira, junho 09, 2011

Do dia dos namorados que nunca tivemos

Você lembra como a gente foi feliz?
Como você gostava de passar seu pé na minha perna antes de dormir, a mão nos meus cabelos...
Dançavamos na sala vazia, depois da festa acabar...
\\\\\\\\\\\\\\\\\\\embalavamos as madrugadas,
percorriamos o mundo inteiro em nossos planos de aventura e amor.

Você lembra? Foi tudo tão de repente...  

quinta-feira, junho 02, 2011

Há vida em meus planetas...

Fecho os olhos na tentativa de esquecer que não há nada abaixo dos meus pés...
O vento frio corta minha boca, leva para longe qualquer palavra que defina o que vem a seguir.
Silenciosamente, em pensamento apenas, peço proteção aos deuses:
que Saturno me dê a gravidade necessária;
de Jupiter quero a crença de ser bela a trama que as Moiras me fizeram;
Marte, meu pai, preciso de tua audácia e coragem!
Do Sol quero a presença... porque em mim há escuridão.
De Vênus, não só o amor... Quero amor com luxúria!
A leveza do renascer, as asas da morte, que me venham de Mercúrio, mesmo que apenas em palavras.
A lua é mais que o desejo de que tudo isso tenha acontecido ontem ... É ela que me fecha os olhos. É ela que me faz caminhar em direção ao abismo! E borboletas nascem dentro de mim! Minha voz, solta, celebra a vida...