sábado, outubro 30, 2010

Pressuposto básico de uma relação amorosa

Toda relação amorosa parte de um pressuposto:
em algum momento você vai sofrer.
As nuances desse pressuposto tem as cores do momento em que tudo termina.
Quando o fim é de comum acordo, o sofrer é basicamente necessário. Está lá porque é natural.
Quando só acaba pra um, sofre quem permanece. Mas é um sofrimento que envolve brio, e isso facilita um pouco, porque ninguém quer amar sozinho!
E tem também o fim do que não acaba. Esse é de díficil digestão... Fechar a porta e partir, deixando para trás o que ainda é feliz.

terça-feira, outubro 26, 2010

A casa

A noite caiu sem angústia. Quem sabe seja porque fiz dela palavra.
O dia amanheceu diferente... tirei as roupas, que há dias, marcavam sua falta no varal; estiquei o lençol e arrumei meticulosamente a cama; juntei os cacos do que quebrei em meus dias de fúria.
A casa está bonita.
Para mim.
Para você, se vier... ou para quem venha.

segunda-feira, outubro 25, 2010

Só pra você

Queria escrever algo só pra você.
Algo que te acordasse devagarinho e te fizesse sentir uma pontinha que fosse do prazer que o dia lhe daria.
Algo que só você entenderia, e sua risada gostosa soaria alta e me faria rir também.

eu queria... só pra você!

domingo, outubro 24, 2010

ESTRELAS

ENCONTRO

Jamais disse, mas temia esse encontro...
Passei um ano ou mais, evitando lugares e tudo o que pudesse me dar notícias suas.
Me envolvi em noites intermináveis, sempre rodeada do que não me deixasse silenciar.
Vivi em fuga.

E eis de repente surge...
Não há como voltar.
Resta-me apenas saber quem é, o que deseja e como de fato vive. 

sexta-feira, outubro 22, 2010

O tempo, o passar dos dia, afrouxa a razão
e pareço, distraidamente, esquecer que as coisas estão como estão
e não como estavam.
"As coisas" , apesar da razão que se lhes pensa, tendem a voltar ao lugar que lhes é devido.
Deve ser alguma lei da física!
Vontade de me expor,
por o dedo na ferida,
reinventar,
sair por aí falando com estranhos e rir pelos cantos da casa.

quinta-feira, outubro 21, 2010

Ainda que ninguém veja

Seu olhar assustado, surpreso por me ver ainda tão perto...
Eu tentando, desesperadamente, ir...

Nas entrelinhas o desejo implicito..  Te procuro, me procuras.... Ainda que ninguém veja!

"Tornar um amor real é expulsá-lo de você para que ele possa ser de alguém!"

Ouvindo:

Tão longe..., tão perto!

Tão longe..., tão perto!
Ainda não aprendi a sentir saudade sem aquela dorzinha aguda...
Aquela que faz lembrar de dias claros, risadas boas, e flor cor de sol.
Tão longe e tão perto!!
... e para quê hein?
Sim, eu sei, sou hedonista!!
Mas no fundo, como todo mundo, quero apenas ser, ou melhor, estar feliz.
O resto, para mim, é uma grande bobagem! 

terça-feira, outubro 19, 2010

Pedido às constelações

Peço apenas a coragem e a humildade de aceitar o que a vida me propõe.
Não importa se bom ou mal, belo ou feio.
Quero viver o que é meu.
Quero enxergar a hora de apostar tudo, mesmo que seja em blefe, e a hora de partir.
Quero a mansidão diante do intransponivel e o dicernimento para reconhecê-lo.
Sou Ártemis e só o intransponível me pára.
Sou Hécate e o intransponível está em mim.
E por último, que essa esperança, mesmo que sem razão, de que tudo vai se ajeitar e que caminho exatamente por onde devo caminhar continue a me guiar.

segunda-feira, outubro 18, 2010

HADES

Desço.
Navego entre lágrimas silenciosas ao encontro de Cérbero.
Dispo-me de tudo...
Mais uma vez as Moiras cruzam meu caminho para me mostrar  o intransponível. Aquilo que se coloca independente do meu desejo.
Amor só não basta.


(Ouvindo "Isso e aquilo" - em breve na minha voz)

domingo, outubro 17, 2010

Estrelas

Sambo só
e lá se vai alta madrugada
Estrelas caminham cansadas
no meu corpo nú

Quadram histórias
Flores, memórias
no tempo que vai

sexta-feira, outubro 08, 2010

Retratos Imorais

"O mundo cheira a talco ordinário, a bosta e mijo secando debaixo do sol quente de fevereiro, nos becos estreitos da cidade enlouquecida. Ecos desse carnaval chegam às emergências dos hospitais com os sobreviventes bêbados e feridos: de ambulância, nos camburões da polícia, a pé, se arrastando. São bacantes do deus trácio mestiçados no Recife. Na cola suarenta dos corpos resistem confetes; nas bocas, um bafo pestilento de álcool e cebola frita. Egressos de ruas e praças, encharcados de frevo e chuva fora de época, eles nem percebem os jardins circundando o hospital, as flores apagadas na noite escura. Entram no mundo de lâmpadas fluorescentes, percorrem corredores e salas onde médicos e enfermeiras se agitam possessos de Asclépio, um deus avesso à folia.” (p. 59, conto: Catana).

do Livro "Retratos imorais" de Ronaldo Correia de Brito

sexta-feira, outubro 01, 2010

Ainda na porta da sua casa

....e se não era bem isso vá embora!
Porque suas roupas já misturam-se às minhas,
seus sonhos já fazem parte das minhas madrugadas,
seu humor ácido tempera minhas manhãs.
E o tempo que fica aumenta o rasgo na ferida.
 
 
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Seus, lindos, pés ainda descansam em minha cama.   
Não sei até quando.
Na verdade não sei nem ao menos como chegaram até aqui. Reconstruo passos sem entender o caminho.
Talvez ainda pemaceça, ali parada na porta da sua casa, aguardando convite.
 
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Aceito o ritmo das coisas.
Vivo aqui, esse instante em que você dorme enquanto passeio livremente pelo trânsito das palavras em mim.