segunda-feira, dezembro 20, 2010

Uma noite de TPM

Não sei se já me senti tão só.
Os enfeites de natal, o vai e vem de pessoas e carros...
E eu absolutamente só, andando pelas ruas.
Nenhum olhar de cumplicidade, nenhum sorriso acolhedor.
Hoje eu não tenho família.
Hoje eu não tenho ninguém.
Tenho sim uma saudade desmedida.
Saudade vã, daquelas que se sente sem o calor de um outro - mesmo que distante em algum lugar do mundo.
Saudade que me faz mensurar o como foi grande o tombo, e o amor é claro! 
Saudade que eu não entendo.

Ah! tem também o medo. 
Medo disso que chegou de repente, e rápido demais.
Medo porque da última vez doeu tanto... e as vezes tenho a impressão que ainda dói.
Medo que me faz recuar.
Sim, recuar!!
Eu que sempre fui destemida diante da paixão!
Pareço mais uma menina assustada buscando motivos para se esconder.

domingo, dezembro 19, 2010

O mistério das transformações...
e tudo me vem com tanta intensidade!
A palavra ainda não cabe.
São faíscas. Vulcões. Tempestades.

E eu vou vivendo...

sexta-feira, dezembro 17, 2010

Do amor e suas pequenas mortes

Hoje dei de cara com o passado...
Aquele que me fez chorar tanto, como fosse o grande amor!!
Amor grande isso foi!!!
Feliz. Simpático. Seria capaz de passar horas com meu passado...
Mas que bom que é passado!
Bom não chorar quando eu chego em casa.
Bom não querer saber por onde vai.

Mas o melhor... é desejar (e ter) outra risada,
outro perfume,
outro beijo!!

Viver é bom demais!! Só não aproveita quem fica chorando pelos cantos! (mais do que o necessário!)

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Vícios Antigos

Viciada no labirinto de palavras, nos arroubos sem razão, na vaidade daquele amor;
relia as cartas diariamente,  sem entender.
Era quase uma obsessão.
Paulo, seu marido, já começava a irritar-se com os devanios da mulher sobre as folhas de papel.
E ela agoniada esperava que ele saisse para poder entregar-se às metonimias, aliterações, catacreses, metáforas e hipérboles - que coloriam o que lhe ia por dentro.
Sim porque lhe ia algo por dentro. Algo escondido. Um rio submerso. Caudaloso. Uma correnteza estagnada pela razão, pelo medo e por uma certeza cega de que estava fadada ao logro, a má sorte.

Encantadora de serpentes

Sigo aprendiz da arte de encantar serpentes.
Sempre em busca de um novo mistério. Algo que me desafie. Que me toque. Que me cale.
Intenções. Segredos. A linha de desejo do qual se tece o outro.
Sou antes encantada pela serpente para só depois encantá-la.

Sua pele tem um cheiro ainda indecifrado.
Suas noites um tempo que não sei mensurar.

Encantada pelo desconhecido,
vou sem medo!
... a volta que o mundo dá!!
e cá estamos....
A vida é boa!

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Letra sem melodia

Meu amor eu não sei como agir
estou tomada pela agonia da paixão
e você sabe quanta besteira eu posso fazer

Meu amor eu não sei como reagir
a sua falta
tento em vão
esquecer esse bem querer

Me deixe partir
apague as marcas na minha pele
saia das lembranças de tudo o que faço

Meu amor não sei se posso suportar
tenho bebido muito e no chão
ainda penso em sua boca ao adormecer

Meu amor eu não sei se posso repudiar o que sinto
apesar da ilusão
nosso amor foi maior e melhor que um entardecer

Me deixe partir
apague as marcas na minha pele
saia das lembranças de tudo o que faço


(em breve com melodia e voz!!)

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Tive os melhores cães que alguém pode ter.
Belos e amáveis em suas diferentes naturezas;
mas todos ferozes cães na guarda de seus amores humanos!!

Foram indo... De forma sofrida e esperada, abrupta ou silenciosamente.
Foram-se as três, em três anos.

Espero algum dia ser novamente merecedora de seres tão maravilhosos!! De seus afagos de lingua e olhar, de sua fidelidade leve e alegre, de suas recepções calorosas, de suas incansáveis brincadeiras, de suas personalidades tão amáveis!!

(Minha cidade está em penumbra...)



terça-feira, dezembro 07, 2010

A lâmina afiada da sua voz
reabre a ferida.
Saudade,
dor que lateja no silêncio do carro enquanto recorto o trânsito,
na falta de aventura diária no viver.

Lembranças. Apenas lembranças.

domingo, dezembro 05, 2010

Foi tanto... e para você  tão pouco!
Me dói tanto...
Melhor que eu me cale, que eu invente algo da dor.
Que eu não fale.

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Ciúme

Ciúme é o seu perfume se espalhando pela noite.

Ciúme é o decote ousado escondendo o que não posso ter.

Ciúme é o pensamento tortuoso, a imaginação.

Ciúme é minha cama vazia.

Ciúme é seu pé acariciando outras pernas.

Ciúme são meus passos solitários onde vou.

Ciúme é falta.

Hoje, a sua falta.

terça-feira, novembro 30, 2010

Nas encostas da noite

Galguei as encostas da noite. Atingi seu ponto mais alto.
E de lá, do topo da noite,
vi as luzes acesas em minha cidade.

Vi as sombras do que já foi...
Um cão latindo, um baralho aberto sobre a mesa, a melodia ancestral, o abraço na rodoviária, o amanhecer de uma época,  a intimidade, o eco de uma risada.

Da liberdade de amar

Perder você tornou meu amor livre.
Ele não quer saber onde esteve, ele apenas quer estar.

quinta-feira, novembro 25, 2010

Te rever depois de tanto tanto...


A mesma boca; lábios grossos e macios.

Os olhos apertados. O sorriso farto.


" - Quanto tempo!

- Pois é quanto tempo..."


O silêncio tumultuado de nossos olhares, lembranças, saudades.

O barulho da chuva. O inevitável...


Podia ter ligado. Avisado que viria. Quem sabe eu pudesse ter me preparado.

Evitado. Fugido.

Porque não sei o que fazer do bilhete que você deixou no espelho do banheiro.

Não sei o que fazer de tudo que ficou de você em mim.

terça-feira, novembro 23, 2010

A Narciso o que é de Narciso

Nada a seduzia tanto como a veneração do outro. Não conseguia resistir a inspiração artística, fosse em  verso, melodia, ou imagem.
O desejo no "olhar" do outro preenchia o que lhe faltava.
Fosse isso lá o que fosse. E que ninguém nunca soube o que era.
Como Narciso diante do espelho se deixava ficar, apaixonada pela própria imagem refletida naquele olhar.
Do outro aprendia gostos, fazia respeito e agrados. Mas amor mesmo sentia pela morena gostosa que via todas as manhãs no espelho!

Os movimentos de um escorpião

No entardecer, no congestionamento entre seu trabalho e sua casa, começou a pensar em suas roupas no armário. Havia peças que não usava a meses, anos talvez. Guardados do apego. O passado que insiste em permanecer.
Assim que chegou abriu as portas do armário e começou a separar o que lhe cabia, o que ainda era de fato seu do que era apenas souvenir de uma outra existência.

Olhando as roupas embaladas para viagem deu-se conta do quanto mudara. A dona daquelas roupas já não existia há muito tempo. Partira levando consigo a menina "enxaqueca". O passar dos anos lhe caia bem; abria-se cada vez mais a vida, ria com facilidade e o humor ácido era um bom tempero à intensidade que guardava para a intimidade.

Deu-se conta então que aquele era um rito no qual ela abria espaço para algo que começava a se tornar passado...
Sentiu a lâmina fria e cega da angústia tocar-lhe a face.
Quantas vezes ainda rcecomeçar, abandonar a casa, a casca...
Em Carne viva, barco ao mar.

Exausta, dormiu sem resistência. Sonhou sua nova despedida.
Sem remorso deixou a sacola de roupas na rua.
Vencida por sua sensualidade incisiva
passo minhas noites entrelaçadas às suas pernas

sexta-feira, novembro 19, 2010

Dizer adeus

É preciso dizer adeus...
Mas o vai e vem da sua mão no meu cabelo me detém por mais um instante...
O seu pé na minha perna.
O seu gosto na minha boca.
Preciso aprender a dizer adeus.

quarta-feira, novembro 17, 2010

Meu querido estranho!

Você me vê mas eu não vejo você!
Não sei qual material sustenta sua fortaleza.
Não sei quais imagens materializam seus desejos quando dorme.
Não sei o quer quer ganhar no natal.
Nunca vi o prazer no seu rosto ao sentir a água salgada em seu corpo.
Nunca tomei seu café pela manhã.
Nunca recebi flores suas.
Nunca soube o que sentia por mim.

segunda-feira, novembro 15, 2010

À PORTA DA SUA CASA ( a saga...)

15/11/2010

Refaço os passos, agora na direção contrária.
Percorro o caminho que separa a cama do sofá sem a certeza da última vez.
Sentada no sofá da sua sala fixo o olhar na porta À minha frente.
Não sei onde você está. A casa, vazia, tem ainda um pouco do que fomos. O cheiro talvez.
Não espero mais que me peça que fique.

.............................................................................. no início...
27/02/2010


Distante. Inacessível. Enigmática.
Entre caminhadas noites a dentro,
copos e risadas nas mesas de bar,
palavras ríspidas, carinhos quase roubados,
desejos inflamados, corpos esmaecidos,
expectativas vencidas...
Assim, aos poucos, com o passar das horas,
foi abrindo a porta.
Me olha, despindo-se da personagem que até então encarnava.
E eu, ali parada,
na frente da porta da sua casa!

 
23/05/2010

Ali, parada à frente da porta da sua casa...
Deixo-me ir... sem pensar, sem pesar!
Entro!
Você me olha sorrindo, sentada no sofá da sala.


02/08/2010

Atravessei a noite de meus fanstasmas ao seu lado, surpreendi-me com sorrisos sinceros e palavras sem amarras. Sorvi em pequenos goles a recente intimidade.
A cada porta aberta respondi com passos cuidadosos, indo sempre e apenas onde me era permitido.
Transito em sua história e espero ainda que segure em minha mão e me peça que fique.

sexta-feira, novembro 12, 2010

urgências

É preciso ir...
Ainda que meus olhos desejem permanecer nos seus.
É preciso esquecer...
Ainda que minha pele mantenha intacta a memória da sua.

O desejo é preciso, se é que me entende... desejo que fez ritmo do nosso entrelaçar. Mas também desejo do seu monento, do seu livre cavalgar - em mim, para mim.

E apesar de todo e tanto desejo, isso tudo deve ficar para trás.
Preciso urgentemente arracar sua carne da minha carne.

Porque o seu gostar é doído para mim.
Porque os seus demônios jamais nos deixariam.
Porque suas palavras em ira me deixam sem saber de quê tecido é feito seu querer.

...e tanto que me rendi... e você nem notou!
Há ainda desejo...
Leve e despreocupado.
Intenso e urgente.
Solto no tempo.
Preso pela persistente insaciedade.
Há bem mais do que desejo!

terça-feira, novembro 09, 2010

Minha alma entardece com mais leveza.
Talvez pela aventura do dia.
Talvez pelas promessas da noite.

quarta-feira, novembro 03, 2010

Saber que não há

Se eu soubesse como
eu faria.
Se eu soubesse o quê
eu diria.
Mas há um grande mistério envolvendo  o que é, ou será.
E eu, tão humana... recorrendo a tudo em busca de um saber que não pertence a minha esfera.
Aguardarei humildemente até que as moiras teçam o que me é devido, ou seria de vida?

terça-feira, novembro 02, 2010

Há uma suavidade assutastadora nesse amor...
Uma suavidade que ameniza certezas, insólitas aos meus olhos.
Uma suavidade que me faz te querer mais e ainda.
Está no tom da sua voz.
Na doçura do seu olhar.
No gesto que, por descuido, impulso, ou necessidade, transparece carinho.
Está em mim.

segunda-feira, novembro 01, 2010

Apenas estar em seus braços...

Pensamentos musicais

sou dada a amores difíceis e persistentes
("não espere eu ir embora pra perceber que você me adora");

a coragem é esssencial para se viver um grande amor
("o medo é uma armadilha que pegou o amor");

eu acredito na vida e sinto que logo ali na esquina há uma boa surpresa para mim!
("tengo ganas de ser la muchacha a la que nadie muchas veces creyó")

sábado, outubro 30, 2010

Pressuposto básico de uma relação amorosa

Toda relação amorosa parte de um pressuposto:
em algum momento você vai sofrer.
As nuances desse pressuposto tem as cores do momento em que tudo termina.
Quando o fim é de comum acordo, o sofrer é basicamente necessário. Está lá porque é natural.
Quando só acaba pra um, sofre quem permanece. Mas é um sofrimento que envolve brio, e isso facilita um pouco, porque ninguém quer amar sozinho!
E tem também o fim do que não acaba. Esse é de díficil digestão... Fechar a porta e partir, deixando para trás o que ainda é feliz.

terça-feira, outubro 26, 2010

A casa

A noite caiu sem angústia. Quem sabe seja porque fiz dela palavra.
O dia amanheceu diferente... tirei as roupas, que há dias, marcavam sua falta no varal; estiquei o lençol e arrumei meticulosamente a cama; juntei os cacos do que quebrei em meus dias de fúria.
A casa está bonita.
Para mim.
Para você, se vier... ou para quem venha.

segunda-feira, outubro 25, 2010

Só pra você

Queria escrever algo só pra você.
Algo que te acordasse devagarinho e te fizesse sentir uma pontinha que fosse do prazer que o dia lhe daria.
Algo que só você entenderia, e sua risada gostosa soaria alta e me faria rir também.

eu queria... só pra você!

domingo, outubro 24, 2010

ESTRELAS

ENCONTRO

Jamais disse, mas temia esse encontro...
Passei um ano ou mais, evitando lugares e tudo o que pudesse me dar notícias suas.
Me envolvi em noites intermináveis, sempre rodeada do que não me deixasse silenciar.
Vivi em fuga.

E eis de repente surge...
Não há como voltar.
Resta-me apenas saber quem é, o que deseja e como de fato vive. 

sexta-feira, outubro 22, 2010

O tempo, o passar dos dia, afrouxa a razão
e pareço, distraidamente, esquecer que as coisas estão como estão
e não como estavam.
"As coisas" , apesar da razão que se lhes pensa, tendem a voltar ao lugar que lhes é devido.
Deve ser alguma lei da física!
Vontade de me expor,
por o dedo na ferida,
reinventar,
sair por aí falando com estranhos e rir pelos cantos da casa.

quinta-feira, outubro 21, 2010

Ainda que ninguém veja

Seu olhar assustado, surpreso por me ver ainda tão perto...
Eu tentando, desesperadamente, ir...

Nas entrelinhas o desejo implicito..  Te procuro, me procuras.... Ainda que ninguém veja!

"Tornar um amor real é expulsá-lo de você para que ele possa ser de alguém!"

Ouvindo:

Tão longe..., tão perto!

Tão longe..., tão perto!
Ainda não aprendi a sentir saudade sem aquela dorzinha aguda...
Aquela que faz lembrar de dias claros, risadas boas, e flor cor de sol.
Tão longe e tão perto!!
... e para quê hein?
Sim, eu sei, sou hedonista!!
Mas no fundo, como todo mundo, quero apenas ser, ou melhor, estar feliz.
O resto, para mim, é uma grande bobagem! 

terça-feira, outubro 19, 2010

Pedido às constelações

Peço apenas a coragem e a humildade de aceitar o que a vida me propõe.
Não importa se bom ou mal, belo ou feio.
Quero viver o que é meu.
Quero enxergar a hora de apostar tudo, mesmo que seja em blefe, e a hora de partir.
Quero a mansidão diante do intransponivel e o dicernimento para reconhecê-lo.
Sou Ártemis e só o intransponível me pára.
Sou Hécate e o intransponível está em mim.
E por último, que essa esperança, mesmo que sem razão, de que tudo vai se ajeitar e que caminho exatamente por onde devo caminhar continue a me guiar.

segunda-feira, outubro 18, 2010

HADES

Desço.
Navego entre lágrimas silenciosas ao encontro de Cérbero.
Dispo-me de tudo...
Mais uma vez as Moiras cruzam meu caminho para me mostrar  o intransponível. Aquilo que se coloca independente do meu desejo.
Amor só não basta.


(Ouvindo "Isso e aquilo" - em breve na minha voz)

domingo, outubro 17, 2010

Estrelas

Sambo só
e lá se vai alta madrugada
Estrelas caminham cansadas
no meu corpo nú

Quadram histórias
Flores, memórias
no tempo que vai

sexta-feira, outubro 08, 2010

Retratos Imorais

"O mundo cheira a talco ordinário, a bosta e mijo secando debaixo do sol quente de fevereiro, nos becos estreitos da cidade enlouquecida. Ecos desse carnaval chegam às emergências dos hospitais com os sobreviventes bêbados e feridos: de ambulância, nos camburões da polícia, a pé, se arrastando. São bacantes do deus trácio mestiçados no Recife. Na cola suarenta dos corpos resistem confetes; nas bocas, um bafo pestilento de álcool e cebola frita. Egressos de ruas e praças, encharcados de frevo e chuva fora de época, eles nem percebem os jardins circundando o hospital, as flores apagadas na noite escura. Entram no mundo de lâmpadas fluorescentes, percorrem corredores e salas onde médicos e enfermeiras se agitam possessos de Asclépio, um deus avesso à folia.” (p. 59, conto: Catana).

do Livro "Retratos imorais" de Ronaldo Correia de Brito

sexta-feira, outubro 01, 2010

Ainda na porta da sua casa

....e se não era bem isso vá embora!
Porque suas roupas já misturam-se às minhas,
seus sonhos já fazem parte das minhas madrugadas,
seu humor ácido tempera minhas manhãs.
E o tempo que fica aumenta o rasgo na ferida.
 
 
...............................................................................
 
Seus, lindos, pés ainda descansam em minha cama.   
Não sei até quando.
Na verdade não sei nem ao menos como chegaram até aqui. Reconstruo passos sem entender o caminho.
Talvez ainda pemaceça, ali parada na porta da sua casa, aguardando convite.
 
...............................................................................
 
Aceito o ritmo das coisas.
Vivo aqui, esse instante em que você dorme enquanto passeio livremente pelo trânsito das palavras em mim.
 

sexta-feira, setembro 24, 2010

Não mais

Desceu as escadas rapidamente. Estava atrasada. O embrulho no estômago não a deixava esquecer dos estragos que havia deixado para trás; objetos quebrados e sentimenstos devastados. Os pensamentos, ainda confusos, dificultavam-lhe o entendimento do que de fato acontecerá.

Sabia apenas da insistente sensação de não mais...

quarta-feira, setembro 22, 2010

A menina que guardava estrela

Pensou em colocá-la na boca para que iluminasse-lhe o verbo.
Nos cabelos, para que se destacasse entre a multidão.
Pensou. Pensou. Sentiu um vento gelado e lembrou que seu cachorro ficara pra fora de casa.

Guardou a estrela no bolso esquerdo do casaco e seguiu para casa.

terça-feira, setembro 14, 2010

Lua em escorpião

Desde o começo soube do perigo.
Sentia-se livre, confortável, como se já se conhecessem há muito tempo. 
Uma vontade de ficar sem nem mesmo saber porquê.
"Perigoso, de fato muito perigoso", pensava. 
 
Tentou, como pode, desvencilhar-se.
Experimentou outras bocas. Bebeu outras conversas. Cheirou outras peles. Deixou-se ficar em outros olhares e sorrisos.
Mas sempre voltava.
 
E quando lá estava, lutava contra a sensação de se deixar estar;
irritada, devora as manhãs ensolaradas, rasgava os lençóis da intimidade.
Desconfiava. Enxergava em tudo uma bruma negra. Sorvia essa realidade envenada.
Via traição onde a comunicação falhava. Ouvia o outro pensar o que ela mesma criara e fazia disso verdade inquestionável.
Gritava. Ofendia. Partia...
 
Até que, vencida,  voltou. Dessa vez para saborear as manhãs, dormir nos lençóis,  estar onde os momentos estavam.
  

segunda-feira, setembro 06, 2010

Palavras sussurradas

Levantaria da cama, tentando não fazer barulho. Queria sair sem ser vista.
Fugia daquela possibilidade que a vida lhe oferecia.
Como poderia esquecer o que passara? Como abandonar velhos fanstasmas? Como entregar-se novamente?
Desconfiava das armadilhas do dia-a-dia.  Não suportava a idéia de ter um compromisso. Doiam-lhe ainda as feridas de seu último amor.
Olhou, num último momento antes de levantar, as marcas naturais daquele pescoço. Pensou que poderia saber-las todas. Mas não, o convivio levaria para longe a sensação de arrebatamento que a possuía sempre que sua boca tocava aquela outra. Se tivesse ao menos a certeza de que a realidade dos dias não lhe roubaria as palavras sussurradas ao seu ouvido...!

terça-feira, agosto 24, 2010

Straight flush

Sigo insone. Não sou dada a pequenos encontros. Fantasias acanhadas.
Quero o gozo. Quero a festa. Quero a existência levada as últimas consequências.
Preciso do extremo para fazer sentido. Preciso do estalo. Da combustão. Do momento que a palavra não define.
Quero a surpresa. Os limites extenuados.
Jogo. Arrisco. Entrego-me. Aposto às cegas em um "straight flush".



" A vida não é filme você não entendeu,
ninguém foi ao seu qusrto quando escureceu..."

Pneu queimando no asfalto

Freada. Pneu queimando no asfalto. Eu não vou.
Não quero o descontrole da emoção que se sobrepõe ao que me parece mais sensato.
Deveria ser a senhora , rainha desse corpo/alma. Mas as vezes parece que a ordem se passa em outros dominios.
Insisto. Resisto. Assisto a vida passar em frente. Eu é que não vou!! Como assim abandonar a segurança conhecida!?
Freada. Pneu queimando no asfalto.

Eu não vou.

Leite derramado

Soube, enquanto colocava o buque de flores no vaso que aquele era o começo do fim. Não que houvessem motivos, simplesmente intuia. Acordou os dias, enlouqueceu as noites. Não ousou contar a ninguém o que lhe passava na cabeça... Mas de nada adiantou. Andou pela casa pegando o que não lhe pertencia já com saudade do cheiro de banho, da cumplicidade, do mau humor cheio de graça nas manhãs... O leite na geladeira já não tinha serventia. A coca-cola poderia guardar para uma visita quem sabe. O chá tomaria aos poucos, uma dose diária, como aqueles adesivos que aderem à pele.
Fechou a geladeira, deitou e tentou dormir.

domingo, agosto 22, 2010

Não há espaço para que eu exista.
Sou apenas areia em seus olhos cansados de tanta realidade.
Não sou possibilidade em seus planos.
Vago etérea entre o seu ir e porvir.

quarta-feira, agosto 18, 2010

Prece da aridez desnecessária

Não que as coisas não lhe fizessem diferença...

Gostava de estar na presença de algumas pessoas. Mais de algumas do que de outras inclusive.
Divertia-se nos dias de sol, com almoços que terminavam no fim da tarde, entre gargalhadas e planos de um futuro brilhante.
Gargalhava com facilidade; com histórias roubadas em pontos de ônibus, com malícias ingênuas ou com uma boa história sobre si mesma.
Mas havia algo de intransponível em suas emoções. Uma limitação. Algo que lhe impedia carinhos diários, paixões duradouras e amores tranquilos.
Às vezes, cansada da aridez do seu sentir, isolava-se do mundo e pedia em prece que o mundo lhe desse, um pouco que fosse, da ternura de que se tece o amar de cada dia.

terça-feira, agosto 17, 2010

... preciso então retomar as rédeas, voltar ao curso, rever - quem sabe - a trajetória.

Urgente saber de mim...
Honrar os desejos e valores que meu corpo exige.
Respeitar os limites inscritos em mim.
Não esquecer de onde vim.

Se o meu possível se ajustar ao seu você pode vir comigo - ao meu lado.
Ou apenas andar por perto, sem me dar a mão, sorvendo pequenos prazeres vez ou outra.
Vejamos - aos poucos - os que temos para nós!

segunda-feira, agosto 02, 2010

Á PORTA DA SUA CASA (Parte III)

Atravessei a noite de meus fanstasmas ao seu lado, surpreendi-me com sorrisos sinceros e palavras sem amarras. Sorvi em pequenos goles a recente intimidade.
A cada porta aberta respondi com passos cuidadosos, indo sempre e apenas onde me era permitido.
Transito em sua história e espero ainda que segure em minha mão e me peça que fique.

sexta-feira, julho 23, 2010

Já não há mais volta...
Meio termo.
Vez em quando.
Só um pouquinho.
Quero você até nosso amanhecer...

O nascimento de uma mulher

Enquanto aguardava que o sinal lhe permitisse atravessar a rua, pensava em como resolver as coisas. A vida se impunha e a obrigava a repensar posturas e escolhas.
Já caminhando, lhe vinham a mente as possibilidades de futuro: a compra da casa que sempre quis, a viagem, o trabalho que não a satisfazia mas que pagava suas contas...
Viver lhe parecia bem mais difícil do que havia imaginado com a sede própria da adolescência.
Sem perceber, sorrira olhando para o cachorro carregado por uma velhinha. A senhorinha sorriu satisfeita, o que lhe fez sair da grande esfera para pensar nos pequenos prazeres diários... O cheiro do amor no seu cabelo, o gosto amadeirado do vinho, o café nas manhãs de domingo, a risada compartilhada, os quilos a menos refletidos no espelho, a intimidade na conversa com amigos. Por um instante pareceu-lhe ter uma vida completa e feliz. Mas havia algo, um não sei quê, que a angustiava. Algo lhe doía, como se secretamente, enquanto dormia, as entranhas lhe crescessem, pressionando-lhe a carne.
Não era mais a mesma. Isso era inegável. Em vão tentava por palavras naquele buraco, no vazio que surgia. A recepcionistra lhe trouxe à tona:
- Tem horário marcado com quem? É só o corte de cabelo hoje?

quinta-feira, julho 22, 2010

Carne viva

... e lá vou eu! Sangrando o passado que ainda me define. Chorando as mazelas que me foram dadas de presente muito cedo, quando ainda não sabia escolher...

Abandono a velha casa e sigo sem o que me proteja das intempéries do tempo, da vida.. Recolho-me. Na carne viva  tudo me dói.

segunda-feira, julho 12, 2010

Aspectos de nós

Meu sol flerta com sua lua enquanto o seu sol triangula com a minha...
Minha lua se opõe ao meio do seu céu, já  a sua anda lado a lado a Mercúrio.
Já o seu Mercúrio dá as mãos a minha vênus, triangulando com Marte.
Ah, sim tem o misterioso pultão que do méu céu quadratura com a cabeça do seu dragão, assistindo o seu namoro  com meu saturno...

Nossas vênus se abraçam! Pareço feliz! 

quinta-feira, julho 08, 2010

Travessia de fantasmas

Levanto-me na tentativa de ver o que há mais à frente, mas a neblina cerrada oculta as margens do rio e as águas mais ao longe.

Soam os remos no rio e ecoam em minhas memórias:

Indiferença e solidão... E lá estou eu, pequena ainda, em meu quarto, remexendo meus brinquedos, tentando dar corpo e fazer “disso” que me dói e não posso entender uma fábula de bonecas, que me explique e me salve.
Um turbilhão de sentimentos que sem serem indiferença e solidão me tomam como se o fossem; desvios de olhares, beijos sem vontade, palavras rudes, falta de tempo...
Amores perpassados por essa verdade, fadados a caber nessa marca.

A travessia segue... Tento refazer o caminho, encontrar outros afluentes, desfazer os nós do novelo das imagens que me significam.
Não sei como seguir.

segunda-feira, julho 05, 2010

SONETO DO TEU CORPO

Juro beijar teu corpo sem descanso
Como quem sai sem rumo prá viagem.
Vou te cruzar sem mapa nem bagagem,
Quero inventar a estrada enquanto avanço.

Beijo teus pés, me perco entre teus dedos.
Luzes ao norte, pernas são estradas
Onde meus lábios correm a madrugada
Pra de manhã chegar aos teus segredos.

Como em teus bosques. bebo nos teus rios.
Entre teus montes, vales escondidos.
Faço fogueiras, choro, canto e danço.

Línguas de lua varrem tua nuca.
Línguas de sol percorrem tuas ruas.
Juro beijar teu corpo sem descanso
(Leoni e Moska)

quinta-feira, julho 01, 2010

Uma agonia lenta e corrosiva.
Um gotejar ácido.
Uma insistência do tempo.
Um esmaecer da credibilidade.
Uma palavra impensada.
Uma agressividade sem foco.
Um rompimento sem sentido.
Um mantra sem fé.

quarta-feira, junho 30, 2010

Perco minhas noites entrelaçada às suas pernas.
Vencida por sua sensualidade incisiva e direta
entrego-me...
Nas fantasias construídas aos poucos, sem pressa, encontro a ancestralidade da pele, alquimia dos liquidos...
Na madrugada, o corpo suado, já não entende se lhe passa frio ou calor. Sonha. Elabora.
Ganho meus dias tomada pela intensidade que já não cabe nas velhas estruturas. Mas isso é assunto para outra hora...

quinta-feira, junho 24, 2010

...da minha humanidade.

Nasci leve.
Dois quilos e cem.
Leve e silenciosa.
Horas sozinha no berço observando o ser das coisas.
Cresci em alvoroço!
Sem soltar a voz. Falando muito. Calando tanto quanto.
Doía em mim o peso da palavra. A força das coisas.
Amadureci questionando.
Peso. Força. Palavra.
Qual a ordem das coisas?
... o viver desenroulou-se perdendo peso, ganhando força, dando à palavra a alma que lhe é própria.
E ainda há tanto por fazer!
Quero meus dias leves e intensos.
Quero a palavra possível e exata!
Quero o possível, mas o melhor, da minha humanidade!

quarta-feira, junho 23, 2010

E agora, para onde?
Já não me recordo os caminhos antes escolhidos. E nem faria diferença aqui, onde o labirinto se faz ao caminhar.
De um lado pulsa o escuro, cheirando a alecrim.
Do outro se desenrola um novelo tecido do cipó de sonhos de outrora.
À minha frente a claridade cega do que me antecede.
No lusco-fusco às minhas costas passeiam as sombras de meus ancestrais.

O Minotauro entoa seu lamento e me encanta... Sigo. Pulso com o escuro.
Em seus braços o cheiro do alecrim. Sensações maiores do que o humano em mim poderia descrever.


sexta-feira, junho 18, 2010

...

Nunca quis para mim o faz de conta que oferece um reino de encantos e mais à frente faz com que não reconheça nos que amei nada mais do que estranhos.
Quero a lâmina afiada da verdade em minha pele.
Quero a alquimia que transforma - pelo viés do respeito - medo em segurança.
Quero o novo recomeço no fim.
Quero diferente!

quinta-feira, junho 17, 2010

... a menina em mim

O eterno retorno da angústia de não ser o que se quer!
A angústia das vontades que jamais se concretizaram e não se concretizarão.
Há tempos perdi a ilusão que farei o que gosto na vida... Faço o possível. O que os meus recursos - estruturais - permitem. Tento, desesperada e diariamente, encontrar poesia e encanto nos dias que se seguem. Tento convencer-me, aceitar. E a vida me oferece muitas coisas!!
Mas nesses dias, em que a "fumaça negra" consome tudo em mim, nada me conforma, quero apenas chorar, sozinha, em algum canto da minha casa que me aconchegue a mim.
Hoje sou uma menina sofrendo pelo que jamais será!
Quem sabe amanhã, a mulher em mim retorne. Só ela sabe consolar essa menina.

terça-feira, junho 15, 2010

A grande neurótica

Acreditava-se nova. Fazendo tudo diferente. Pouco se reconhecia em atitudes.
Aberta, aceitava o que a vida lhe oferecia.
Admirava no espelho, satisfeita, o novo estilo.
E de repente... lá estavam as mesmas ladainhas. O mesmo jogo.

Nunca imaginaria que todo esse tempo havia vivido em movimentos circulares...
O visitado, visto, ouvido, lamentado, partido, perdido.
Era mesmo uma grande neurótica!
Essa noite, choraria baixinho, sozinha em sua cama.

sexta-feira, junho 11, 2010

Camaleoa

Apressada. Trêmula. Delineador nos olhos. Por um segundo encontro meus olhos no espelho.

Já fui tantas!! Chegando. Partindo. Ficando.

All star. Vestido. Havaianas. Casaco de pele. Salto. Calça jeans e Camiseta. Árida. Apaixonada. Desiludida. Frenética.

Nunca uma nova mulher. A mesma sempre! Com novos recursos. Outras diretrizes. Cicatrizes. Percursos.

Eu sou a soma de tudo o que vi e vivi. Uma soma nada matemática. Onde nem sempre se pode escolher o que vai fora e o que fica. A soma possível.

quarta-feira, junho 09, 2010

... desse desejo

Manter a sensação dos seus olhos pela manhã.


Sentir seus pés acariciando minhas pernas, sinalizando desejos e tempestades.

Rir com cumplicidade.

Fazer das coisas mais simples programas imperdíveis.

Querer sempre mais!


Assim desejo você.

terça-feira, junho 08, 2010

O tempo das coisas

Eu sou daquelas que engasga com a sequência, ilusoriamente, infinita de dias.


Não sei viver o mesmo, o morno. Vivo na paixão. Existo na entrega.

sábado, junho 05, 2010

As Moiras

Volto no tempo. Revejo meus passos, laços...
Venho do tempo da razão e vejo ruir meus edifícios frente ao que não é passível de explicação.
Dobro os joelhos diante da imensidão da natureza, do tempo, da força das marés...


Me emociono...
Absolutamente arrebatada pela visão das teias tecidas pelas Moiras!!!


sexta-feira, junho 04, 2010

Samba da Gesse

"... quando amanhece e ao meu lado vejo você eu digo em prece que a vida é linda como você!.."

quarta-feira, junho 02, 2010

A Lembrança de Vênus


Acordo quase sem sobressalto, acostumada com horário e toque do despertador.

Abro os olhos e uma réstia de luz me faz fechá-los rapidamente. Em vão...
Os acontecimentos recentes, despertos, emergem da memória.
A boca suave na minha, as pernas entrelaçadas, as palavras sussurradas me levando além...
Por um instante duvido. Abro os olhos. Seu olhar buscando o meu. As mãos em meu cabelo.
Sim, Vênus deve ter lembrado que existo!

segunda-feira, maio 31, 2010

Domingo 8:40

Caminhava sozinha pelas ruas desertas da cidade. Tinha ainda na boca o gosto adocicado do gin. Sentia no corpo o cansaço da noite atribulada em encontros e acontecimentos.

A cabeça vagava pelas imagens sem lhe causar nenhuma sensação. Estava vazia. Há muito tempo não sabia o que era acordar e sentir algum carinho pela pessoa ao lado. Cansada das promessas de amor, aventurava-se sem se deixar envolver. Não se permitia um segundo encontro. Queria estar só com seus demônios.

No dia seguinte poderia vestir-se e esconder-se sob a personagem que construíra. Segura e salva de si!... pelo menos até a próxima sexta, até o próximo copo!

quinta-feira, maio 27, 2010

MEDO

Medo de olhar no fundo

Medo de dobrar a esquina
Medo de ficar no escuro
De passar em branco, de cruzar a linha

Medo de se achar sozinho
De perder a rédea, a pose e o prumo

Medo de pedir arrego, medo de vagar sem rumo
Medo estampado na cara ou escondido no porão

Medo de fechar a cara
Medo de encarar
Medo de calar a boca
Medo de escutar
Medo de passar a perna
Medo de cair
Medo de fazer de conta
Medo de dormir
Medo de se arrepender
Medo de deixar por fazer
Medo de se amargurar pelo que não se fez
Medo de perder a vez

Medo de fugir da raia na hora H
Medo de morrer na praia depois de beber o mar

(Lenine)

terça-feira, maio 25, 2010

Enquanto isso no meu reino...

Eu mudei. Não sei por quê caminho transitei. Mas mudei!!!
Saí para além das muralhas do meu castelo. Me despi das vestes endurecidas.
Livre. Leve. Flexibilizo. Aceito. Divido.

Reencontrei a delicadeza do sentir!!

domingo, maio 23, 2010

À PORTA DA SUA CASA (Parte II)

Ali, parada à frente da porta da sua casa...
Deixo-me ir... sem pensar, sem pesar!
Entro!
Você me olha sorrindo, sentada no sofá da sala.


segunda-feira, maio 17, 2010

Em transito...





Amanheci feliz.
Sem me importar com a chuva,
ou com o motorista mau humorado que buzina sem por quê.
Tomei meu café forte e amargo.
Abracei os que encontrei com carinho sincero. 
Reencontrei com entusiasmo o trabalhar.
Tirei do armário umas roupas que não me servem mais, não porque estejam apertadas ou grandes demais, simplesmente porque não me servem mais. 
Cantarolei uma melodia simples no chuveiro.
.......................................................................

Clareei com o dia!!

terça-feira, maio 04, 2010

Re: Não se aproxime tanto

Me explique como ir agora!
Se meu olhar descansa tão confortavelmente no seu...
Se sua respiração quente e úmida me lembra dias ensolarados...
Me explique como ir agora!
Se suas palavras me aproximam de mim...
Se meu corpo pede pelo seu...
Me explique como ir agora!
Se minha mão estendida espera pela sua...

Agora que sei de você em mim. Agora que me reconheço. 
Me explique como ir!
Sou capaz e aceito quase tudo. 
Idas, vindas, incertezas, certezas infundadas, soluções desacertadas...
Mas não peça para trair a mim mesma!

segunda-feira, maio 03, 2010

Não se aproxime tanto

Não se aproxime tanto.
Meu olhar, assim tão perto do seu...
Nossos hálitos misturando-se...
Não se aproxime tanto.
Suas palavras em sintonia com as minhas...
Meu corpo tão acostumado ao seu cheiro...
Não se aproxime tanto.
Minha mão quase querendo segurar a sua...
Minhas resistências quase vencidas...
Não se aproxime tanto.
Vá embora!! Antes que eu me acostume. Antes que eu queira. Antes que eu não possa mais negar.
Vá embora...

domingo, maio 02, 2010

...sim, são os pés mais lindos que já vi!! De uma beleza tão sublime que dá vontade de beijá-los lentamente, cobrindo-lhe as linhas e curvas suavemente com minha língua.

quinta-feira, abril 29, 2010

O Inominável

... e o que sinto, não é isso, nem aquilo... Por mais que tente, não consigo fazê-lo caber no que me é conhecido.
É demasiado inquieto para as vidraças do amor, volátil, escapa por suas frestas, perdendo-se no ar. Arde em demasia e inflama a matéria de que se tece a amizade. Escorrega sorrateiro pelos vãos das grades da paixão, antes que lhe sufoque e mate.

Que vá livre como veio, sem nome que o defina, sem palavra que lhe roube o encanto!

Com sua permissão

Permita olhar para você... Apenas olhar. Para que veja o exato momento em que seus olhos se iluminam, em que as palavras fazem estremecer.
Permita andar ao seu lado para que o vento me traga de vez em quando seu cheiro. Cheiro que ainda não apreendi, que em mim não se fez palavra.
Permita que me encante com sua risada; profunda, propagando-se sem culpa!
Permita desejar seu corpo.  E se não puder transformar o desejo ao longo de uma noite em suor e prazer, tenho ainda gravadas suas reações aos toques e sussurros...
Permita que eu fale qualquer coisa cotidiana.
Permita que eu entre.
Permita que eu fique!

terça-feira, abril 27, 2010

Até que o paraquedas se abra!

Há algo no jeito em que me olha - um convite velado, uma dúvida que deseja...
Um quê de provocação e seriedade que desperta o ancestral em mim.
Animal. Selvagem. Sem impedimentos ou tabus.

Um leve susto até que me acostume com essa, que apropria-se do meu corpo e faz ir além da segurança do que me é conhecido. Para em seguida, alegrar-me verdadeiramente com minha falta total de juízo! Um piscar de olhos e lá estou: pulando do abismo, infinito à minha frente.
Há um gozo indescritível... até que o paraquedas se abra!

sexta-feira, abril 23, 2010

Tão longe..., tão perto!

Ainda não aprendi a sentir saudade sem aquela dorzinha aguda...
Aquela que faz lembrar de dias claros, risadas boas, e flor cor de sol.
Tão longe e tão perto!!
... e para quê hein?
Sim, eu sei, sou hedonista!!
Mas no fundo, como todo mundo, quero apenas ser, ou melhor, estar feliz.
O resto, para mim, é uma grande bobagem! 

domingo, abril 18, 2010

Minha pequena Salomé (ensaio para uma verdadeira escrita)



É você minha femêa ancestral. Minha Salomé. 
Dança nua no palco do meu incosciente.. um piercing no mamilo esquerdo, um sorriso largo, um hálito quente no ouvido... 
Puxou-me para junto de seu corpo e me levou no vai e vem de sua coreografia frenética, sempre olhando-me nos olhos e dizendo o quanto...  Inebriada, ainda sinto teu cheiro em mim, me deixei levar... 
E eu, ciente de mim e de ti, sem medo, sorrio diante do abismo do teu sexo.


..) Por que não me olhas, Iocanaan? Teus olhos, que eram terríveis, tão cheios de ódio e escárnio, estão fechados agora. Por que estão fechados? Abre-os! Ergue as pálpebras, Iocanaan! Por que não me olhas? Estás com medo de mim, Iocanaan, e por isso não me olhas? E a tua língua, que era como uma serpente vermelha expelindo veneno, não se move mais, nada diz agora, Iocanaan, aquela víbora vermelha que cuspilhava veneno contra mim? É estranho, não? Como é que a víbora vermelha já não se move?... Consideraste-me ninguém, Iocanaan. Desprezaste-me. Pronunciaste ignóbeis palavras contra mim. Trataste-me como uma meretriz, uma dissoluta, a mim, Salomé, filha de Herodíade, princesa da Judéia! Bem, Iocanaan, eu estou viva; mas tu estás morto e tua cabeça me pertence (...)   Salomé no drama teatral de Oscar Wilde

quarta-feira, março 24, 2010

MUITO ROMÂNTICA

Não tenho nada com isso nem vem falar
Eu não consigo entender sua lógica
Minha palavra cantada pode espantar
E a seus ouvidos parecer exótica
Mas acontece que eu não posso me deixar
Levar por um papo que já não deu
Acho que nada restou pra guardar
Do muito ou pouco que houve entre você e eu

Canto somente o que não pode mais se calar

Noutras palavras sou muito romântica


domingo, março 21, 2010

TARÂNTULA

Observo seus passos. Apreendo suas artimanhas.
Antevejo a lascívia no seu olhar que me convida, para que no minuto seguinte me negue com palavras.
Assisto seu enredo circular de sedução, sexo e partida.

Com paciência, desvendo-lhe os mistérios, arranco-lhe a pele sobre a carne que lhe é viva.

Sem dizer palavra, teço minha teia...
Enredo como amiga.
Seduzo como amante.
Saciada, cuspo seus ossos e sigo.


sexta-feira, março 12, 2010

Já não há mais encanto... Há sim um feitiço, que me faz seguir desejando. 
Ilustração de Connie Lim - http://connielim.com/

sábado, fevereiro 27, 2010

À PORTA DA SUA CASA

Distante. Inacessível. Enigmática.
Entre caminhadas noites a dentro,
copos e risadas nas mesas de bar,
palavras ríspidas, carinhos quase roubados,
desejos inflamados, corpos esmaecidos,
expectativas vencidas...
Assim, aos poucos, com o passar das horas,
foi abrindo a porta.
Me olha, despindo-se  da personagem que até então encarnava.
E eu, ali parada,
na frente da porta da sua casa!

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

SONHOS

Oniricamente rearranjo meus espaços internos...
Minhas prateleiras de cremes e vaidades,
Meus potes de medos pelo tempo que avança,
Minhas roupas antigas, que já não vestem o que sou...
E tecidos de palavras esquecidas que ainda tecem a trama do meu discurso.

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

COMO ESTÃO AS COISAS

Aconchegada em você, vi o dia amanhecer...
senti uma suavidade na sua pele e beijo que jamais imaginei,
para em seguida relembrar no seu olhar a fúria do seu, ou seria do nosso desejo?
Mesmo eu, não sei como descrever o que se passa... Mas se passa! E eu não deixo que passe em vão... Sei dos riscos, do abismos... Mas eu quero o que faço... quero correr o risco de ser livre, quero experimentar o gosto do não pertencer (e teu gosto me agrada tanto!!!), quero rir da minha falta de ciúme, quero conter o ímpeto da paixão...  
Vou encher a casa de flores, se não forem vermelhas que sejam alaranjadas pelo menos...


"se você passar daquela porta você vai ver como estão as coisas... não leve a mal se eu pedir para cortar os grilos... descanse um pouco, amanheça aqui comigo..."


SAUDADE DO TEMPO EM QUE TE AMEI



Saudade do tempo em que te amei...
Dos olhos mareados. Da respiração curta. Das descobertas a coração acelerado.
Saudade do tempo em que te amei...
Da clareza confusa com que me movia em seu terreno movediço. Das certezas contidas naquele amor insano.
Saudade do tempo em que te amei...
Do sofrer consciente. Da responsabilidade latente em todos os atos.
Saudade do tempo em que te amei...
Saudade de mim refletida em seus olhos...

REDESCOBRIR-SE


O primeiro dia das tão sonhadas férias! Passara o ano todo sonhando com dias livres... E agora que o sonho começava a tomar ares de realidade angustiava-se com o que fazer dele.
Rolara a manhã inteira na cama sem sono nem coragem para levantar, visto que não saberia o que fazer daquela bela manhã de primavera.
A fome lhe serviu de combustível. Cortar cebola, lavar a rúcula e o brócolis, cozinhar o arroz...  – abençoou o fato de ser natureba, o arroz integral demorava bem mais para ficar pronto! Naquele dia, descobriu o gosto de sua comida; tão vagarosa e compenetrada encarou a refeição!
E assim, nos dias subseqüentes, foram lhe sucedendo os acontecimentos: como se fossem os primeiros. Acabou chegando a conclusão que tinha sido loucura ficar tanto tempo sem comer carne diariamente e que não há nada melhor para redescobrir-se do q         ue as primeiras férias após uma separação . 

PASSADO Á MINHA PORTA


Estou viva. Tão viva que até nem sei. Não quero que isso acabe. Quero viver as últimas consequências. Quero o sangue das mordidas. Quero o olhar das entrelinhas. Quero a dor das partidas. Pois no gozo do encontro me entrego e ainda sou eu. Aquela que te olhou ao amanhecer do dia, quase menina, permanece em mim.
A caixa de pandora, presente seu, não cessa. Quase cega de tanta luz, vivo por instinto. Aquele fogo que acendemos à noite, para iluminar nossas palavras, ainda arde e tudo o que digo vem enfeitiçado de saber. Eu que sempre dele tudo quis... Temo e choro. Teço o amor e não amorteço.
Eu que já sonhei futuro, Não espero nada da vida. O instante já é o meu desejo. Amanhã eu não sei... Repito-me: MEU CORPO É MINHA ALMA!!! PERDOEM-ME OS QUE CRÊEM NA MALDADE DA SERPENTE, TENHO-LHE ENORME GRATIDÃO!
Parece madrugada. Pareço embriagada. Que dia é esse que me acorda? Que pulsa tanto, que me faz tremer? Temer? De jeito nenhum. Estou à beira do abismo. Eu que tenho vertigem. Fascinada com o perigo sigo adiante.




O EXERCICIO DIÁRIO



Exercitar a palavra. E como fazê-lo sem estar nas ruas , sem respirar o cheiro das multidões. Não se pode falar do que não se vê.. E eu o que vejo??? O calor dos motores dos carros; o playboy exibindo a sua máquina e escondendo seus medos, o religioso propagando os mandamentos de amor e fé que quase atropela o velhinho que anda com dificuldade. Vejo a mim mesma angustiada com o tempo , o sinal que não abre , a vida que não flui , o nó que não desata, o amor que não goza.    

SEREI MINHA FILHA


Amortecida pelos anos.
Cega pelos hábitos.
Amedrontada pelos novos abismos do não saber.
Fiz do meu corpo morada insensível, invisível, indizível.

E cá estou eu sangrando. Intermitente a vida lateja.
Até que meu útero doa.
Até que meus olhos vejam o sangue, meu sangue, perdido.
Até que eu pule, ainda que de olhos fechados.
Para que sejam abertos aos poucos e acostumem-se com a luz. Enxergando no princípio apenas as silhuetas para depois definir a carne.  

A primeira imagem é de uma criança. Não sei quem é. Talvez eu. Talvez o filho que não tive.
Eu filha de mim mesma. 

(Dependente. Submissa ao pequeno espaço a mim reservado nesse matriarcado. Espaço feminino, pequeno, tola, inútil.) em parenteses pois a fala não é minha

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

domingo, fevereiro 07, 2010

NA CORRENTEZA

Impulsionada pela impossibilidade
segue a correnteza do desejo,
suas águas levando para além o que já foi satisfeito...

O cigarro queimando no cinzeiro,
enquanto eu, esquecida de mim, observo seus movimentos lentos: o copo, a boca, a mão... Embriaga pelo cheiro sutil que exala do seu corpo, desconcentro-me e troco as palavras: pele, pelo, saio, seio, centro, dentro... Você ri, fingindo não saber o que se passa, mantém o jogo que tanto me excita... Impossibilidade que faz crescer a vontade. Vontade que me faz crer na quebra da censura imposta.

A noite te busco em outros rostos. Encontro em outros braços a intimidade que já não temos.

sábado, janeiro 23, 2010

ANDANÇAS

Em algum momento da vida a casa cai. As velhas estruturas ruem. Os cômodos passam a incomodar em sua ordem e disposição.
Reconstruir. Refazer. Recomeçar.
De onde? A partir de quê? Com que referência, se já nem sei mais o que gosto ou o que aprendi a gostar pelo gostar alheio.

Assim, parti. Pronta para experimentar e me envolver em mundos diversos, buscando-me.
Experimentei vontades que não eram minhas. Tentei caber onde não era meu lugar.

Vivi algum tempo isolada da palavra.
Sim!! Eu (?), sem a palavra...
Convivendo com quem não deixa espaço para palavra. Vivendo em um lugar construído pelo imaginário: lá onde eu acho que você acha e ninguém sabe ao certo o que se passa...
Vivendo a vida sem o afã de nomear o desejo, esquecida de mim, atropelando os dias, vestindo o desejo com Lexotan, álcool e estimulantes.

Até que não me reconheci mais...
Quem era aquela mulher que amanhecia sem saber onde e com quem?
Quem era aquela mulher seduzindo a pessoa à sua frente sem pensar em quem estava ao seu lado?
Quem era aquela, jogando para ter o que e quem queria?

Acho que foi aí que a poeira baixou e pude ver onde estava. As paredes caídas, as estruturas ruídas...
Começo a por ordem nas coisas.
E ontem, na mesa do bar, com os amigos, esses sim "de palavra" , senti que estava onde deveria estar.

quarta-feira, janeiro 20, 2010

LUZES DA MINHA CIDADE

E parece que a vida é a noite de uma cidade, com luzes aqui e ali... ao longo do tempo algumas se apagam; as vezes uma janela, as vezes um bairro inteiro. Tenho notado ainda, que com o passar do anos, se apagam mais luzes do que as que se acendem.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

A CAMINHO DE CASA

Perco,
no ato impensado,
no encontro desencontrado,
no medo de ser o que não se sabe...
Sinto,
o corpo colado ao meu,
respiração na minha nuca,
boca molhando a minha...
Sigo,
querendo teus olhos descansando nos meus,
teus cabelos em meu peito,
minha mão na sua...
Tranquilizo,
desejo tem seu trajeto,
mas não é eterno!



"Eu quase posso ouvir a tua voz
eu sinto a tua mão a me guiar
pela noite a caminho de casa
Me pedindo para apagar a luz
amamheceu é hora de dormir
nesse nosso relógio sem órbita
se tudo tem que terminar assim
que pelo menos seja até o fim
pra gente não ter nunca
mais que terminar"

sexta-feira, janeiro 15, 2010

MAIS UM DIA

E lá se vai mais um dia...
Mais um dia
em que a realidade não trouxe nada além de verdades vazias.
Mais um dia
em que a chuva forte não trouxe tranquilidade à conversa entre os desejos e possibilidades.
Mais um dia
em que o mundo, no ano do tigre, pôs suas garras de fora.
Mais um dia
sem saber para onde.
Mais um dia...
Quem sabe mais um dia apenas baste.

quarta-feira, janeiro 13, 2010

NAS MADRUGADAS

mais madrugadas...
menos ausência de palavras...

Para nenhum deles tive o tempo necessário.
Esse imensurável, que nunca nos diz quando lançará seu último grão de areia na ampulheta.

Eu não sei... cada vez sei menos!! O passar do tempo me trouxe isso.
Sei de coisas pontuais. Como do cheiro do pescoço que se esconde embaixo do seu cabelo ao amanhecer.
Sei da sedução latente enquanto dorme.
... ainda saberia desfrutar da nossa cadência de suor e desejo insone madrugadas a dentro.

sábado, janeiro 09, 2010

SEDUZIR

Cada um faz de um jeito.
Para cada um há um jeito.
Para mim? Bom ainda não sei ao certo.
Cheiro. Olhar. Pele. Palavra.
As vezes acho que é mais além,
que é inominável,
incomunicável.
Me atrai a impossibilidade. O tabu. O que promete e não realiza.
Me atrai a curva inexata do seu quadril. A risada solta. O franzir da testa. A cadência da lingua.
O cinismo do pretenso não desejo.
Sim, eu quero!
Vem agora. Sem compromisso. Sem por quê.