Amortecida pelos anos.
Cega pelos hábitos.
Amedrontada pelos novos abismos do não saber.
Fiz do meu corpo morada insensível, invisível, indizível.
E cá estou eu sangrando. Intermitente a vida lateja.
Até que meu útero doa.
Até que meus olhos vejam o sangue, meu sangue, perdido.
Até que eu pule, ainda que de olhos fechados.
Para que sejam abertos aos poucos e acostumem-se com a luz. Enxergando no princípio apenas as silhuetas para depois definir a carne.
A primeira imagem é de uma criança. Não sei quem é. Talvez eu. Talvez o filho que não tive.
Eu filha de mim mesma.
(Dependente. Submissa ao pequeno espaço a mim reservado nesse matriarcado. Espaço feminino, pequeno, tola, inútil.) em parenteses pois a fala não é minha
Nenhum comentário:
Postar um comentário