sábado, janeiro 19, 2008

De repente passou a olhar-se demoradamente ao espelho.

Os anos haviam passado rápido... lhe pareciam tão próximas às noites amanhecidas em pistas enfumaçadas, os amores adquiridos nas sextas e que lhe custavam a concentração de toda uma semana, as aventuras impensadas, as decisões sempre tão quase eternas!

Seus olhos, agora delineados, maquiagem e tempo, encheram-se de horror. E enquanto os manteve fechados, na tentativa insana de voltar aos 18, perdeu de vista a mulher que chegou a ser...
Perdeu o amor em troca dos confetes da paixão, frágeis confeitos derretidos no fim do verão.
Perdeu a confiança em nome da vaidade, pela qual chorou vencida diante do tempo refletido no espelho.

Antes tivesse acolhido na alma o cansaço do corpo. Não como fadiga, mas sim como tranqüilidade necessária àquele que deparasse com o inevitável perecer... humano.

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