domingo, outubro 15, 2017

Abro os olhos...
Sob o céu puído por gases poluentes o oceano vomita baleias – a ancestralidade viva – alimentadas até a morte pelo que se chama humano.
Na floresta, não muito longe da estrada mais próxima, a fúria selvagem de um urso domesticado chora quando a correnteza do seu primeiro banho de rio devolve suas origens.
O ritmo das máquinas confunde minhas horas e meu pulso. Resisto a toada hipnótica, busco no escuro, em cada piscar de olhos, um respiro, um descanso.    
E a cada abrir de olhos o horror de uma vida que não me define.  O mundo está feio.
Mas não confunda o feio com a dureza crua – aquela das feridas abertas, do pus que verte expurgando venenos, porque essa dureza cru é uma beleza natural do viver para a morte.  
Feio é o estomago das baleias, a materialização do poder insaciável, esse engodo de felicidade vendido em garrafa pet, a obsessão pela realidade descartável.
E como já disse Vinicius: “beleza é fundamental.”



Nenhum comentário: