Abro os olhos...
Sob o céu puído por gases poluentes o oceano vomita baleias
– a ancestralidade viva – alimentadas até a morte pelo que se chama humano.
Na floresta, não muito longe da estrada mais próxima, a
fúria selvagem de um urso domesticado chora quando a correnteza do seu primeiro
banho de rio devolve suas origens.
O ritmo das máquinas confunde minhas horas e meu pulso.
Resisto a toada hipnótica, busco no escuro, em cada piscar de olhos, um
respiro, um descanso.
E a cada abrir de olhos o horror de uma vida que não me
define. O mundo está feio.
Mas não confunda o feio com a dureza crua – aquela das
feridas abertas, do pus que verte expurgando venenos, porque essa dureza cru é
uma beleza natural do viver para a morte.
Feio é o estomago das baleias, a materialização do poder insaciável,
esse engodo de felicidade vendido em garrafa pet, a obsessão pela realidade
descartável.
E como já disse Vinicius: “beleza é fundamental.”
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