domingo, maio 08, 2005

JOGOS

Sentava-me à mesa com você quando pequena e sobre o pano verde explicava-me nas cartas as regras do jogo.
Jogávamos as duas, e se deixava-me ganhar era apenas para que eu soubesse porque se joga. Assim, em horas de infância, aprendi a espera árdua das seqüências, o encanto fugaz de cartas repetidas e os disfarces do desejo.
Foi a visão do mistério que me levou para além daquela mesa. O imponderável, neste caso a sorte, foi o fim das horas de infância.
Sem querer aceitar a falta de matemática do jogo, perdi e me perdi muitas vezes jogando em outras mesas. E perderia sempre, se sua dor calada não me tivesse gritado que é esse o grande encanto: há algo mais do que a lógica, é a correnteza do mistério que carrega a leveza do desejo.

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