Dias claros de um inverno cinzento.
segunda-feira, julho 26, 2010
sexta-feira, julho 23, 2010
O nascimento de uma mulher
Enquanto aguardava que o sinal lhe permitisse atravessar a rua, pensava em como resolver as coisas. A vida se impunha e a obrigava a repensar posturas e escolhas.
Já caminhando, lhe vinham a mente as possibilidades de futuro: a compra da casa que sempre quis, a viagem, o trabalho que não a satisfazia mas que pagava suas contas...
Viver lhe parecia bem mais difícil do que havia imaginado com a sede própria da adolescência.
Sem perceber, sorrira olhando para o cachorro carregado por uma velhinha. A senhorinha sorriu satisfeita, o que lhe fez sair da grande esfera para pensar nos pequenos prazeres diários... O cheiro do amor no seu cabelo, o gosto amadeirado do vinho, o café nas manhãs de domingo, a risada compartilhada, os quilos a menos refletidos no espelho, a intimidade na conversa com amigos. Por um instante pareceu-lhe ter uma vida completa e feliz. Mas havia algo, um não sei quê, que a angustiava. Algo lhe doía, como se secretamente, enquanto dormia, as entranhas lhe crescessem, pressionando-lhe a carne.
Não era mais a mesma. Isso era inegável. Em vão tentava por palavras naquele buraco, no vazio que surgia. A recepcionistra lhe trouxe à tona:
- Tem horário marcado com quem? É só o corte de cabelo hoje?
Já caminhando, lhe vinham a mente as possibilidades de futuro: a compra da casa que sempre quis, a viagem, o trabalho que não a satisfazia mas que pagava suas contas...
Viver lhe parecia bem mais difícil do que havia imaginado com a sede própria da adolescência.
Sem perceber, sorrira olhando para o cachorro carregado por uma velhinha. A senhorinha sorriu satisfeita, o que lhe fez sair da grande esfera para pensar nos pequenos prazeres diários... O cheiro do amor no seu cabelo, o gosto amadeirado do vinho, o café nas manhãs de domingo, a risada compartilhada, os quilos a menos refletidos no espelho, a intimidade na conversa com amigos. Por um instante pareceu-lhe ter uma vida completa e feliz. Mas havia algo, um não sei quê, que a angustiava. Algo lhe doía, como se secretamente, enquanto dormia, as entranhas lhe crescessem, pressionando-lhe a carne.
Não era mais a mesma. Isso era inegável. Em vão tentava por palavras naquele buraco, no vazio que surgia. A recepcionistra lhe trouxe à tona:
- Tem horário marcado com quem? É só o corte de cabelo hoje?
quinta-feira, julho 22, 2010
Carne viva
... e lá vou eu! Sangrando o passado que ainda me define. Chorando as mazelas que me foram dadas de presente muito cedo, quando ainda não sabia escolher...
Abandono a velha casa e sigo sem o que me proteja das intempéries do tempo, da vida.. Recolho-me. Na carne viva tudo me dói.
Abandono a velha casa e sigo sem o que me proteja das intempéries do tempo, da vida.. Recolho-me. Na carne viva tudo me dói.
segunda-feira, julho 12, 2010
Aspectos de nós
Minha lua se opõe ao meio do seu céu, já a sua anda lado a lado a Mercúrio.
Já o seu Mercúrio dá as mãos a minha vênus, triangulando com Marte.
Ah, sim tem o misterioso pultão que do méu céu quadratura com a cabeça do seu dragão, assistindo o seu namoro com meu saturno...
quinta-feira, julho 08, 2010
Travessia de fantasmas
Levanto-me na tentativa de ver o que há mais à frente, mas a neblina cerrada oculta as margens do rio e as águas mais ao longe.
Soam os remos no rio e ecoam em minhas memórias:
Indiferença e solidão... E lá estou eu, pequena ainda, em meu quarto, remexendo meus brinquedos, tentando dar corpo e fazer “disso” que me dói e não posso entender uma fábula de bonecas, que me explique e me salve.
Um turbilhão de sentimentos que sem serem indiferença e solidão me tomam como se o fossem; desvios de olhares, beijos sem vontade, palavras rudes, falta de tempo...
Amores perpassados por essa verdade, fadados a caber nessa marca.
A travessia segue... Tento refazer o caminho, encontrar outros afluentes, desfazer os nós do novelo das imagens que me significam.
Não sei como seguir.
Soam os remos no rio e ecoam em minhas memórias:
Indiferença e solidão... E lá estou eu, pequena ainda, em meu quarto, remexendo meus brinquedos, tentando dar corpo e fazer “disso” que me dói e não posso entender uma fábula de bonecas, que me explique e me salve.
Um turbilhão de sentimentos que sem serem indiferença e solidão me tomam como se o fossem; desvios de olhares, beijos sem vontade, palavras rudes, falta de tempo...
Amores perpassados por essa verdade, fadados a caber nessa marca.
A travessia segue... Tento refazer o caminho, encontrar outros afluentes, desfazer os nós do novelo das imagens que me significam.
Não sei como seguir.
segunda-feira, julho 05, 2010
SONETO DO TEU CORPO
Juro beijar teu corpo sem descanso
Como quem sai sem rumo prá viagem.
Vou te cruzar sem mapa nem bagagem,
Quero inventar a estrada enquanto avanço.
Beijo teus pés, me perco entre teus dedos.
Luzes ao norte, pernas são estradas
Onde meus lábios correm a madrugada
Pra de manhã chegar aos teus segredos.
Como em teus bosques. bebo nos teus rios.
Entre teus montes, vales escondidos.
Faço fogueiras, choro, canto e danço.
Línguas de lua varrem tua nuca.
Línguas de sol percorrem tuas ruas.
Juro beijar teu corpo sem descanso
(Leoni e Moska)
Como quem sai sem rumo prá viagem.
Vou te cruzar sem mapa nem bagagem,
Quero inventar a estrada enquanto avanço.
Beijo teus pés, me perco entre teus dedos.
Luzes ao norte, pernas são estradas
Onde meus lábios correm a madrugada
Pra de manhã chegar aos teus segredos.
Como em teus bosques. bebo nos teus rios.
Entre teus montes, vales escondidos.
Faço fogueiras, choro, canto e danço.
Línguas de lua varrem tua nuca.
Línguas de sol percorrem tuas ruas.
Juro beijar teu corpo sem descanso
(Leoni e Moska)
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