segunda-feira, dezembro 20, 2010
Uma noite de TPM
Os enfeites de natal, o vai e vem de pessoas e carros...
E eu absolutamente só, andando pelas ruas.
Nenhum olhar de cumplicidade, nenhum sorriso acolhedor.
Hoje eu não tenho família.
Hoje eu não tenho ninguém.
Tenho sim uma saudade desmedida.
Saudade vã, daquelas que se sente sem o calor de um outro - mesmo que distante em algum lugar do mundo.
Saudade que me faz mensurar o como foi grande o tombo, e o amor é claro!
Saudade que eu não entendo.
Ah! tem também o medo.
Medo disso que chegou de repente, e rápido demais.
Medo porque da última vez doeu tanto... e as vezes tenho a impressão que ainda dói.
Medo que me faz recuar.
Sim, recuar!!
Eu que sempre fui destemida diante da paixão!
Pareço mais uma menina assustada buscando motivos para se esconder.
domingo, dezembro 19, 2010
sexta-feira, dezembro 17, 2010
Do amor e suas pequenas mortes
Aquele que me fez chorar tanto, como fosse o grande amor!!
Amor grande isso foi!!!
Feliz. Simpático. Seria capaz de passar horas com meu passado...
Mas que bom que é passado!
Bom não chorar quando eu chego em casa.
Bom não querer saber por onde vai.
Mas o melhor... é desejar (e ter) outra risada,
outro perfume,
outro beijo!!
Viver é bom demais!! Só não aproveita quem fica chorando pelos cantos! (mais do que o necessário!)
segunda-feira, dezembro 13, 2010
Vícios Antigos
relia as cartas diariamente, sem entender.
Era quase uma obsessão.
Paulo, seu marido, já começava a irritar-se com os devanios da mulher sobre as folhas de papel.
E ela agoniada esperava que ele saisse para poder entregar-se às metonimias, aliterações, catacreses, metáforas e hipérboles - que coloriam o que lhe ia por dentro.
Sim porque lhe ia algo por dentro. Algo escondido. Um rio submerso. Caudaloso. Uma correnteza estagnada pela razão, pelo medo e por uma certeza cega de que estava fadada ao logro, a má sorte.
Encantadora de serpentes
Sempre em busca de um novo mistério. Algo que me desafie. Que me toque. Que me cale.
Intenções. Segredos. A linha de desejo do qual se tece o outro.
Sou antes encantada pela serpente para só depois encantá-la.
Sua pele tem um cheiro ainda indecifrado.
Suas noites um tempo que não sei mensurar.
Encantada pelo desconhecido,
vou sem medo!
quinta-feira, dezembro 09, 2010
Letra sem melodia
estou tomada pela agonia da paixão
e você sabe quanta besteira eu posso fazer
Meu amor eu não sei como reagir
a sua falta
tento em vão
esquecer esse bem querer
Me deixe partir
apague as marcas na minha pele
saia das lembranças de tudo o que faço
Meu amor não sei se posso suportar
tenho bebido muito e no chão
ainda penso em sua boca ao adormecer
Meu amor eu não sei se posso repudiar o que sinto
apesar da ilusão
nosso amor foi maior e melhor que um entardecer
Me deixe partir
apague as marcas na minha pele
saia das lembranças de tudo o que faço
(em breve com melodia e voz!!)
quarta-feira, dezembro 08, 2010
Belos e amáveis em suas diferentes naturezas;
mas todos ferozes cães na guarda de seus amores humanos!!
Foram indo... De forma sofrida e esperada, abrupta ou silenciosamente.
Foram-se as três, em três anos.
Espero algum dia ser novamente merecedora de seres tão maravilhosos!! De seus afagos de lingua e olhar, de sua fidelidade leve e alegre, de suas recepções calorosas, de suas incansáveis brincadeiras, de suas personalidades tão amáveis!!
(Minha cidade está em penumbra...)
terça-feira, dezembro 07, 2010
domingo, dezembro 05, 2010
quinta-feira, dezembro 02, 2010
Ciúme
Ciúme é o seu perfume se espalhando pela noite.
Ciúme é o decote ousado escondendo o que não posso ter.
Ciúme é o pensamento tortuoso, a imaginação.
Ciúme é minha cama vazia.
Ciúme é seu pé acariciando outras pernas.
Ciúme são meus passos solitários onde vou.
Ciúme é falta.
Hoje, a sua falta.
terça-feira, novembro 30, 2010
Nas encostas da noite
E de lá, do topo da noite,
vi as luzes acesas em minha cidade.
Vi as sombras do que já foi...
Um cão latindo, um baralho aberto sobre a mesa, a melodia ancestral, o abraço na rodoviária, o amanhecer de uma época, a intimidade, o eco de uma risada.
Da liberdade de amar
Ele não quer saber onde esteve, ele apenas quer estar.
segunda-feira, novembro 29, 2010
quinta-feira, novembro 25, 2010
A mesma boca; lábios grossos e macios.
Os olhos apertados. O sorriso farto.
" - Quanto tempo!
- Pois é quanto tempo..."
O silêncio tumultuado de nossos olhares, lembranças, saudades.
O barulho da chuva. O inevitável...
Podia ter ligado. Avisado que viria. Quem sabe eu pudesse ter me preparado.
Evitado. Fugido.
Porque não sei o que fazer do bilhete que você deixou no espelho do banheiro.
Não sei o que fazer de tudo que ficou de você em mim.
terça-feira, novembro 23, 2010
A Narciso o que é de Narciso
O desejo no "olhar" do outro preenchia o que lhe faltava.
Fosse isso lá o que fosse. E que ninguém nunca soube o que era.
Como Narciso diante do espelho se deixava ficar, apaixonada pela própria imagem refletida naquele olhar.
Do outro aprendia gostos, fazia respeito e agrados. Mas amor mesmo sentia pela morena gostosa que via todas as manhãs no espelho!
Os movimentos de um escorpião
Assim que chegou abriu as portas do armário e começou a separar o que lhe cabia, o que ainda era de fato seu do que era apenas souvenir de uma outra existência.
Olhando as roupas embaladas para viagem deu-se conta do quanto mudara. A dona daquelas roupas já não existia há muito tempo. Partira levando consigo a menina "enxaqueca". O passar dos anos lhe caia bem; abria-se cada vez mais a vida, ria com facilidade e o humor ácido era um bom tempero à intensidade que guardava para a intimidade.
Deu-se conta então que aquele era um rito no qual ela abria espaço para algo que começava a se tornar passado...
Sentiu a lâmina fria e cega da angústia tocar-lhe a face.
Quantas vezes ainda rcecomeçar, abandonar a casa, a casca...
Em Carne viva, barco ao mar.
Exausta, dormiu sem resistência. Sonhou sua nova despedida.
Sem remorso deixou a sacola de roupas na rua.
sexta-feira, novembro 19, 2010
Dizer adeus
Mas o vai e vem da sua mão no meu cabelo me detém por mais um instante...
O seu pé na minha perna.
O seu gosto na minha boca.
Preciso aprender a dizer adeus.
quarta-feira, novembro 17, 2010
Meu querido estranho!
Não sei qual material sustenta sua fortaleza.
Não sei quais imagens materializam seus desejos quando dorme.
Não sei o quer quer ganhar no natal.
Nunca vi o prazer no seu rosto ao sentir a água salgada em seu corpo.
Nunca tomei seu café pela manhã.
Nunca recebi flores suas.
Nunca soube o que sentia por mim.
segunda-feira, novembro 15, 2010
À PORTA DA SUA CASA ( a saga...)
Refaço os passos, agora na direção contrária.
Percorro o caminho que separa a cama do sofá sem a certeza da última vez.
Sentada no sofá da sua sala fixo o olhar na porta À minha frente.
Não sei onde você está. A casa, vazia, tem ainda um pouco do que fomos. O cheiro talvez.
Não espero mais que me peça que fique.
.............................................................................. no início...
27/02/2010
Distante. Inacessível. Enigmática.
Entre caminhadas noites a dentro,
copos e risadas nas mesas de bar,
palavras ríspidas, carinhos quase roubados,
desejos inflamados, corpos esmaecidos,
expectativas vencidas...
Assim, aos poucos, com o passar das horas,
foi abrindo a porta.
Me olha, despindo-se da personagem que até então encarnava.
E eu, ali parada,
na frente da porta da sua casa!
23/05/2010
Ali, parada à frente da porta da sua casa...
Deixo-me ir... sem pensar, sem pesar!
Entro!
Você me olha sorrindo, sentada no sofá da sala.
02/08/2010
Atravessei a noite de meus fanstasmas ao seu lado, surpreendi-me com sorrisos sinceros e palavras sem amarras. Sorvi em pequenos goles a recente intimidade.
A cada porta aberta respondi com passos cuidadosos, indo sempre e apenas onde me era permitido.
Transito em sua história e espero ainda que segure em minha mão e me peça que fique.
sexta-feira, novembro 12, 2010
urgências
Ainda que meus olhos desejem permanecer nos seus.
É preciso esquecer...
Ainda que minha pele mantenha intacta a memória da sua.
O desejo é preciso, se é que me entende... desejo que fez ritmo do nosso entrelaçar. Mas também desejo do seu monento, do seu livre cavalgar - em mim, para mim.
E apesar de todo e tanto desejo, isso tudo deve ficar para trás.
Preciso urgentemente arracar sua carne da minha carne.
Porque o seu gostar é doído para mim.
Porque os seus demônios jamais nos deixariam.
Porque suas palavras em ira me deixam sem saber de quê tecido é feito seu querer.
...e tanto que me rendi... e você nem notou!
terça-feira, novembro 09, 2010
quarta-feira, novembro 03, 2010
Saber que não há
eu faria.
Se eu soubesse o quê
eu diria.
Mas há um grande mistério envolvendo o que é, ou será.
E eu, tão humana... recorrendo a tudo em busca de um saber que não pertence a minha esfera.
Aguardarei humildemente até que as moiras teçam o que me é devido, ou seria de vida?
terça-feira, novembro 02, 2010
segunda-feira, novembro 01, 2010
Pensamentos musicais
("não espere eu ir embora pra perceber que você me adora");
a coragem é esssencial para se viver um grande amor
("o medo é uma armadilha que pegou o amor");
eu acredito na vida e sinto que logo ali na esquina há uma boa surpresa para mim!
("tengo ganas de ser la muchacha a la que nadie muchas veces creyó")
sábado, outubro 30, 2010
Pressuposto básico de uma relação amorosa
em algum momento você vai sofrer.
As nuances desse pressuposto tem as cores do momento em que tudo termina.
Quando o fim é de comum acordo, o sofrer é basicamente necessário. Está lá porque é natural.
Quando só acaba pra um, sofre quem permanece. Mas é um sofrimento que envolve brio, e isso facilita um pouco, porque ninguém quer amar sozinho!
E tem também o fim do que não acaba. Esse é de díficil digestão... Fechar a porta e partir, deixando para trás o que ainda é feliz.
terça-feira, outubro 26, 2010
A casa
O dia amanheceu diferente... tirei as roupas, que há dias, marcavam sua falta no varal; estiquei o lençol e arrumei meticulosamente a cama; juntei os cacos do que quebrei em meus dias de fúria.
A casa está bonita.
Para mim.
Para você, se vier... ou para quem venha.
segunda-feira, outubro 25, 2010
Só pra você
Algo que te acordasse devagarinho e te fizesse sentir uma pontinha que fosse do prazer que o dia lhe daria.
Algo que só você entenderia, e sua risada gostosa soaria alta e me faria rir também.
eu queria... só pra você!
domingo, outubro 24, 2010
ENCONTRO
Passei um ano ou mais, evitando lugares e tudo o que pudesse me dar notícias suas.
Me envolvi em noites intermináveis, sempre rodeada do que não me deixasse silenciar.
Vivi em fuga.
E eis de repente surge...
Não há como voltar.
Resta-me apenas saber quem é, o que deseja e como de fato vive.
sexta-feira, outubro 22, 2010
quinta-feira, outubro 21, 2010
Ainda que ninguém veja
Eu tentando, desesperadamente, ir...
Nas entrelinhas o desejo implicito.. Te procuro, me procuras.... Ainda que ninguém veja!
"Tornar um amor real é expulsá-lo de você para que ele possa ser de alguém!"
Ouvindo:
Tão longe..., tão perto!
Tão longe..., tão perto!
Ainda não aprendi a sentir saudade sem aquela dorzinha aguda...
Aquela que faz lembrar de dias claros, risadas boas, e flor cor de sol.
Tão longe e tão perto!!
... e para quê hein?
Sim, eu sei, sou hedonista!!
Mas no fundo, como todo mundo, quero apenas ser, ou melhor, estar feliz.
O resto, para mim, é uma grande bobagem!
quarta-feira, outubro 20, 2010
terça-feira, outubro 19, 2010
Pedido às constelações
Não importa se bom ou mal, belo ou feio.
Quero viver o que é meu.
Quero enxergar a hora de apostar tudo, mesmo que seja em blefe, e a hora de partir.
Quero a mansidão diante do intransponivel e o dicernimento para reconhecê-lo.
Sou Ártemis e só o intransponível me pára.
Sou Hécate e o intransponível está em mim.
E por último, que essa esperança, mesmo que sem razão, de que tudo vai se ajeitar e que caminho exatamente por onde devo caminhar continue a me guiar.
segunda-feira, outubro 18, 2010
HADES
Navego entre lágrimas silenciosas ao encontro de Cérbero.
Dispo-me de tudo...
Mais uma vez as Moiras cruzam meu caminho para me mostrar o intransponível. Aquilo que se coloca independente do meu desejo.
Amor só não basta.
(Ouvindo "Isso e aquilo" - em breve na minha voz)
domingo, outubro 17, 2010
Estrelas
e lá se vai alta madrugada
Estrelas caminham cansadas
no meu corpo nú
Quadram histórias
Flores, memórias
no tempo que vai
sexta-feira, outubro 08, 2010
Retratos Imorais
"O mundo cheira a talco ordinário, a bosta e mijo secando debaixo do sol quente de fevereiro, nos becos estreitos da cidade enlouquecida. Ecos desse carnaval chegam às emergências dos hospitais com os sobreviventes bêbados e feridos: de ambulância, nos camburões da polícia, a pé, se arrastando. São bacantes do deus trácio mestiçados no Recife. Na cola suarenta dos corpos resistem confetes; nas bocas, um bafo pestilento de álcool e cebola frita. Egressos de ruas e praças, encharcados de frevo e chuva fora de época, eles nem percebem os jardins circundando o hospital, as flores apagadas na noite escura. Entram no mundo de lâmpadas fluorescentes, percorrem corredores e salas onde médicos e enfermeiras se agitam possessos de Asclépio, um deus avesso à folia.” (p. 59, conto: Catana).
do Livro "Retratos imorais" de Ronaldo Correia de Brito
sexta-feira, outubro 01, 2010
Ainda na porta da sua casa

sexta-feira, setembro 24, 2010
Não mais
Desceu as escadas rapidamente. Estava atrasada. O embrulho no estômago não a deixava esquecer dos estragos que havia deixado para trás; objetos quebrados e sentimenstos devastados. Os pensamentos, ainda confusos, dificultavam-lhe o entendimento do que de fato acontecerá.
Sabia apenas da insistente sensação de não mais...
quarta-feira, setembro 22, 2010
A menina que guardava estrela
Nos cabelos, para que se destacasse entre a multidão.
Pensou. Pensou. Sentiu um vento gelado e lembrou que seu cachorro ficara pra fora de casa.
Guardou a estrela no bolso esquerdo do casaco e seguiu para casa.
terça-feira, setembro 14, 2010
Lua em escorpião
segunda-feira, setembro 06, 2010
Palavras sussurradas
Fugia daquela possibilidade que a vida lhe oferecia.
Como poderia esquecer o que passara? Como abandonar velhos fanstasmas? Como entregar-se novamente?
Desconfiava das armadilhas do dia-a-dia. Não suportava a idéia de ter um compromisso. Doiam-lhe ainda as feridas de seu último amor.
Olhou, num último momento antes de levantar, as marcas naturais daquele pescoço. Pensou que poderia saber-las todas. Mas não, o convivio levaria para longe a sensação de arrebatamento que a possuía sempre que sua boca tocava aquela outra. Se tivesse ao menos a certeza de que a realidade dos dias não lhe roubaria as palavras sussurradas ao seu ouvido...!
terça-feira, agosto 24, 2010
Straight flush
Quero o gozo. Quero a festa. Quero a existência levada as últimas consequências.
Preciso do extremo para fazer sentido. Preciso do estalo. Da combustão. Do momento que a palavra não define.
Quero a surpresa. Os limites extenuados.
Jogo. Arrisco. Entrego-me. Aposto às cegas em um "straight flush".
" A vida não é filme você não entendeu,
ninguém foi ao seu qusrto quando escureceu..."
Pneu queimando no asfalto
Não quero o descontrole da emoção que se sobrepõe ao que me parece mais sensato.
Deveria ser a senhora , rainha desse corpo/alma. Mas as vezes parece que a ordem se passa em outros dominios.
Insisto. Resisto. Assisto a vida passar em frente. Eu é que não vou!! Como assim abandonar a segurança conhecida!?
Freada. Pneu queimando no asfalto.
Eu não vou.
Leite derramado
domingo, agosto 22, 2010
quarta-feira, agosto 18, 2010
Prece da aridez desnecessária
Gostava de estar na presença de algumas pessoas. Mais de algumas do que de outras inclusive.
Divertia-se nos dias de sol, com almoços que terminavam no fim da tarde, entre gargalhadas e planos de um futuro brilhante.
Gargalhava com facilidade; com histórias roubadas em pontos de ônibus, com malícias ingênuas ou com uma boa história sobre si mesma.
Mas havia algo de intransponível em suas emoções. Uma limitação. Algo que lhe impedia carinhos diários, paixões duradouras e amores tranquilos.
Às vezes, cansada da aridez do seu sentir, isolava-se do mundo e pedia em prece que o mundo lhe desse, um pouco que fosse, da ternura de que se tece o amar de cada dia.
terça-feira, agosto 17, 2010
Urgente saber de mim...
Honrar os desejos e valores que meu corpo exige.
Respeitar os limites inscritos em mim.
Não esquecer de onde vim.
Se o meu possível se ajustar ao seu você pode vir comigo - ao meu lado.
Ou apenas andar por perto, sem me dar a mão, sorvendo pequenos prazeres vez ou outra.
Vejamos - aos poucos - os que temos para nós!
segunda-feira, agosto 02, 2010
Á PORTA DA SUA CASA (Parte III)
A cada porta aberta respondi com passos cuidadosos, indo sempre e apenas onde me era permitido.
Transito em sua história e espero ainda que segure em minha mão e me peça que fique.
sexta-feira, julho 23, 2010
O nascimento de uma mulher
Já caminhando, lhe vinham a mente as possibilidades de futuro: a compra da casa que sempre quis, a viagem, o trabalho que não a satisfazia mas que pagava suas contas...
Viver lhe parecia bem mais difícil do que havia imaginado com a sede própria da adolescência.
Sem perceber, sorrira olhando para o cachorro carregado por uma velhinha. A senhorinha sorriu satisfeita, o que lhe fez sair da grande esfera para pensar nos pequenos prazeres diários... O cheiro do amor no seu cabelo, o gosto amadeirado do vinho, o café nas manhãs de domingo, a risada compartilhada, os quilos a menos refletidos no espelho, a intimidade na conversa com amigos. Por um instante pareceu-lhe ter uma vida completa e feliz. Mas havia algo, um não sei quê, que a angustiava. Algo lhe doía, como se secretamente, enquanto dormia, as entranhas lhe crescessem, pressionando-lhe a carne.
Não era mais a mesma. Isso era inegável. Em vão tentava por palavras naquele buraco, no vazio que surgia. A recepcionistra lhe trouxe à tona:
- Tem horário marcado com quem? É só o corte de cabelo hoje?
quinta-feira, julho 22, 2010
Carne viva
Abandono a velha casa e sigo sem o que me proteja das intempéries do tempo, da vida.. Recolho-me. Na carne viva tudo me dói.
segunda-feira, julho 12, 2010
Aspectos de nós
quinta-feira, julho 08, 2010
Travessia de fantasmas
Soam os remos no rio e ecoam em minhas memórias:
Indiferença e solidão... E lá estou eu, pequena ainda, em meu quarto, remexendo meus brinquedos, tentando dar corpo e fazer “disso” que me dói e não posso entender uma fábula de bonecas, que me explique e me salve.
Um turbilhão de sentimentos que sem serem indiferença e solidão me tomam como se o fossem; desvios de olhares, beijos sem vontade, palavras rudes, falta de tempo...
Amores perpassados por essa verdade, fadados a caber nessa marca.
A travessia segue... Tento refazer o caminho, encontrar outros afluentes, desfazer os nós do novelo das imagens que me significam.
Não sei como seguir.
segunda-feira, julho 05, 2010
SONETO DO TEU CORPO
Como quem sai sem rumo prá viagem.
Vou te cruzar sem mapa nem bagagem,
Quero inventar a estrada enquanto avanço.
Beijo teus pés, me perco entre teus dedos.
Luzes ao norte, pernas são estradas
Onde meus lábios correm a madrugada
Pra de manhã chegar aos teus segredos.
Como em teus bosques. bebo nos teus rios.
Entre teus montes, vales escondidos.
Faço fogueiras, choro, canto e danço.
Línguas de lua varrem tua nuca.
Línguas de sol percorrem tuas ruas.
Juro beijar teu corpo sem descanso
(Leoni e Moska)
quinta-feira, julho 01, 2010
quarta-feira, junho 30, 2010
Vencida por sua sensualidade incisiva e direta
entrego-me...
Nas fantasias construídas aos poucos, sem pressa, encontro a ancestralidade da pele, alquimia dos liquidos...
Na madrugada, o corpo suado, já não entende se lhe passa frio ou calor. Sonha. Elabora.
Ganho meus dias tomada pela intensidade que já não cabe nas velhas estruturas. Mas isso é assunto para outra hora...
quinta-feira, junho 24, 2010
...da minha humanidade.
Dois quilos e cem.
Leve e silenciosa.
Horas sozinha no berço observando o ser das coisas.
Cresci em alvoroço!
Sem soltar a voz. Falando muito. Calando tanto quanto.
Doía em mim o peso da palavra. A força das coisas.
Amadureci questionando.
Peso. Força. Palavra.
Qual a ordem das coisas?
... o viver desenroulou-se perdendo peso, ganhando força, dando à palavra a alma que lhe é própria.
E ainda há tanto por fazer!
Quero meus dias leves e intensos.
Quero a palavra possível e exata!
Quero o possível, mas o melhor, da minha humanidade!
quarta-feira, junho 23, 2010
sexta-feira, junho 18, 2010
...
Quero a lâmina afiada da verdade em minha pele.
Quero a alquimia que transforma - pelo viés do respeito - medo em segurança.
Quero o novo recomeço no fim.
Quero diferente!
quinta-feira, junho 17, 2010
... a menina em mim
A angústia das vontades que jamais se concretizaram e não se concretizarão.
Há tempos perdi a ilusão que farei o que gosto na vida... Faço o possível. O que os meus recursos - estruturais - permitem. Tento, desesperada e diariamente, encontrar poesia e encanto nos dias que se seguem. Tento convencer-me, aceitar. E a vida me oferece muitas coisas!!
Mas nesses dias, em que a "fumaça negra" consome tudo em mim, nada me conforma, quero apenas chorar, sozinha, em algum canto da minha casa que me aconchegue a mim.
Hoje sou uma menina sofrendo pelo que jamais será!
Quem sabe amanhã, a mulher em mim retorne. Só ela sabe consolar essa menina.
terça-feira, junho 15, 2010
A grande neurótica
Aberta, aceitava o que a vida lhe oferecia.
Admirava no espelho, satisfeita, o novo estilo.
E de repente... lá estavam as mesmas ladainhas. O mesmo jogo.
Nunca imaginaria que todo esse tempo havia vivido em movimentos circulares...
O visitado, visto, ouvido, lamentado, partido, perdido.
Era mesmo uma grande neurótica!
Essa noite, choraria baixinho, sozinha em sua cama.
sexta-feira, junho 11, 2010
Camaleoa
Já fui tantas!! Chegando. Partindo. Ficando.
All star. Vestido. Havaianas. Casaco de pele. Salto. Calça jeans e Camiseta. Árida. Apaixonada. Desiludida. Frenética.
Nunca uma nova mulher. A mesma sempre! Com novos recursos. Outras diretrizes. Cicatrizes. Percursos.
Eu sou a soma de tudo o que vi e vivi. Uma soma nada matemática. Onde nem sempre se pode escolher o que vai fora e o que fica. A soma possível.
quarta-feira, junho 09, 2010
... desse desejo
terça-feira, junho 08, 2010
O tempo das coisas
Não sei viver o mesmo, o morno. Vivo na paixão. Existo na entrega.
sábado, junho 05, 2010
As Moiras
Venho do tempo da razão e vejo ruir meus edifícios frente ao que não é passível de explicação.
Dobro os joelhos diante da imensidão da natureza, do tempo, da força das marés...
Me emociono...
sexta-feira, junho 04, 2010
Samba da Gesse
quarta-feira, junho 02, 2010
A Lembrança de Vênus
Acordo quase sem sobressalto, acostumada com horário e toque do despertador.
Abro os olhos e uma réstia de luz me faz fechá-los rapidamente. Em vão...
Os acontecimentos recentes, despertos, emergem da memória.
A boca suave na minha, as pernas entrelaçadas, as palavras sussurradas me levando além...
Por um instante duvido. Abro os olhos. Seu olhar buscando o meu. As mãos em meu cabelo.
Sim, Vênus deve ter lembrado que existo!
segunda-feira, maio 31, 2010
Domingo 8:40
A cabeça vagava pelas imagens sem lhe causar nenhuma sensação. Estava vazia. Há muito tempo não sabia o que era acordar e sentir algum carinho pela pessoa ao lado. Cansada das promessas de amor, aventurava-se sem se deixar envolver. Não se permitia um segundo encontro. Queria estar só com seus demônios.
No dia seguinte poderia vestir-se e esconder-se sob a personagem que construíra. Segura e salva de si!... pelo menos até a próxima sexta, até o próximo copo!
quinta-feira, maio 27, 2010
MEDO
Medo de dobrar a esquina
Medo de ficar no escuro
De passar em branco, de cruzar a linha
Medo de se achar sozinho
De perder a rédea, a pose e o prumo
Medo de pedir arrego, medo de vagar sem rumo
Medo estampado na cara ou escondido no porão
Medo de fechar a cara
Medo de encarar
Medo de calar a boca
Medo de escutar
Medo de passar a perna
Medo de cair
Medo de fazer de conta
Medo de dormir
Medo de se arrepender
Medo de deixar por fazer
Medo de se amargurar pelo que não se fez
Medo de perder a vez
Medo de fugir da raia na hora H
Medo de morrer na praia depois de beber o mar
(Lenine)
terça-feira, maio 25, 2010
Enquanto isso no meu reino...
Saí para além das muralhas do meu castelo. Me despi das vestes endurecidas.
Livre. Leve. Flexibilizo. Aceito. Divido.
Reencontrei a delicadeza do sentir!!
domingo, maio 23, 2010
À PORTA DA SUA CASA (Parte II)
segunda-feira, maio 17, 2010
Em transito...
terça-feira, maio 04, 2010
Re: Não se aproxime tanto
Se meu olhar descansa tão confortavelmente no seu...
Se sua respiração quente e úmida me lembra dias ensolarados...
Me explique como ir agora!
Se suas palavras me aproximam de mim...
Se meu corpo pede pelo seu...
Me explique como ir agora!
Se minha mão estendida espera pela sua...
Agora que sei de você em mim. Agora que me reconheço.
Me explique como ir!
Sou capaz e aceito quase tudo.
Idas, vindas, incertezas, certezas infundadas, soluções desacertadas...
Mas não peça para trair a mim mesma!
segunda-feira, maio 03, 2010
Não se aproxime tanto
Meu olhar, assim tão perto do seu...
Nossos hálitos misturando-se...
Não se aproxime tanto.
Suas palavras em sintonia com as minhas...
Meu corpo tão acostumado ao seu cheiro...
Não se aproxime tanto.
Minha mão quase querendo segurar a sua...
Minhas resistências quase vencidas...
Não se aproxime tanto.
Vá embora!! Antes que eu me acostume. Antes que eu queira. Antes que eu não possa mais negar.
Vá embora...
domingo, maio 02, 2010
quinta-feira, abril 29, 2010
O Inominável
É demasiado inquieto para as vidraças do amor, volátil, escapa por suas frestas, perdendo-se no ar. Arde em demasia e inflama a matéria de que se tece a amizade. Escorrega sorrateiro pelos vãos das grades da paixão, antes que lhe sufoque e mate.
Que vá livre como veio, sem nome que o defina, sem palavra que lhe roube o encanto!
Com sua permissão
Permita andar ao seu lado para que o vento me traga de vez em quando seu cheiro. Cheiro que ainda não apreendi, que em mim não se fez palavra.
Permita que me encante com sua risada; profunda, propagando-se sem culpa!
Permita desejar seu corpo. E se não puder transformar o desejo ao longo de uma noite em suor e prazer, tenho ainda gravadas suas reações aos toques e sussurros...
Permita que eu fale qualquer coisa cotidiana.
Permita que eu entre.
Permita que eu fique!
terça-feira, abril 27, 2010
Até que o paraquedas se abra!
Um quê de provocação e seriedade que desperta o ancestral em mim.

Um leve susto até que me acostume com essa, que apropria-se do meu corpo e faz ir além da segurança do que me é conhecido. Para em seguida, alegrar-me verdadeiramente com minha falta total de juízo! Um piscar de olhos e lá estou: pulando do abismo, infinito à minha frente.
Há um gozo indescritível... até que o paraquedas se abra!
sexta-feira, abril 23, 2010
Tão longe..., tão perto!
Aquela que faz lembrar de dias claros, risadas boas, e flor cor de sol.
Tão longe e tão perto!!
... e para quê hein?
Sim, eu sei, sou hedonista!!
Mas no fundo, como todo mundo, quero apenas ser, ou melhor, estar feliz.
O resto, para mim, é uma grande bobagem!
domingo, abril 18, 2010
Minha pequena Salomé (ensaio para uma verdadeira escrita)
domingo, abril 04, 2010
quarta-feira, março 24, 2010
MUITO ROMÂNTICA
Eu não consigo entender sua lógica
Minha palavra cantada pode espantar
E a seus ouvidos parecer exótica
Mas acontece que eu não posso me deixar
Levar por um papo que já não deu
Acho que nada restou pra guardar
Do muito ou pouco que houve entre você e eu
Canto somente o que não pode mais se calar
Noutras palavras sou muito romântica
domingo, março 21, 2010
TARÂNTULA
Antevejo a lascívia no seu olhar que me convida, para que no minuto seguinte me negue com palavras.
Assisto seu enredo circular de sedução, sexo e partida.
Com paciência, desvendo-lhe os mistérios, arranco-lhe a pele sobre a carne que lhe é viva.
Sem dizer palavra, teço minha teia...
Enredo como amiga.
Seduzo como amante.
Saciada, cuspo seus ossos e sigo.
sábado, fevereiro 27, 2010
À PORTA DA SUA CASA
Entre caminhadas noites a dentro,
copos e risadas nas mesas de bar,
palavras ríspidas, carinhos quase roubados,
desejos inflamados, corpos esmaecidos,
expectativas vencidas...
Assim, aos poucos, com o passar das horas,
foi abrindo a porta.
Me olha, despindo-se da personagem que até então encarnava.
E eu, ali parada,
na frente da porta da sua casa!
sexta-feira, fevereiro 19, 2010
SONHOS
quarta-feira, fevereiro 17, 2010
COMO ESTÃO AS COISAS
SAUDADE DO TEMPO EM QUE TE AMEI
REDESCOBRIR-SE
PASSADO Á MINHA PORTA
A caixa de pandora, presente seu, não cessa. Quase cega de tanta luz, vivo por instinto. Aquele fogo que acendemos à noite, para iluminar nossas palavras, ainda arde e tudo o que digo vem enfeitiçado de saber. Eu que sempre dele tudo quis... Temo e choro. Teço o amor e não amorteço.
Eu que já sonhei futuro, Não espero nada da vida. O instante já é o meu desejo. Amanhã eu não sei... Repito-me: MEU CORPO É MINHA ALMA!!! PERDOEM-ME OS QUE CRÊEM NA MALDADE DA SERPENTE, TENHO-LHE ENORME GRATIDÃO!
Parece madrugada. Pareço embriagada. Que dia é esse que me acorda? Que pulsa tanto, que me faz tremer? Temer? De jeito nenhum. Estou à beira do abismo. Eu que tenho vertigem. Fascinada com o perigo sigo adiante.
O EXERCICIO DIÁRIO
SEREI MINHA FILHA
segunda-feira, fevereiro 08, 2010
domingo, fevereiro 07, 2010
NA CORRENTEZA
sábado, janeiro 23, 2010
ANDANÇAS
Reconstruir. Refazer. Recomeçar.
De onde? A partir de quê? Com que referência, se já nem sei mais o que gosto ou o que aprendi a gostar pelo gostar alheio.
Assim, parti. Pronta para experimentar e me envolver em mundos diversos, buscando-me.
Experimentei vontades que não eram minhas. Tentei caber onde não era meu lugar.
Vivi algum tempo isolada da palavra.
Sim!! Eu (?), sem a palavra...
Convivendo com quem não deixa espaço para palavra. Vivendo em um lugar construído pelo imaginário: lá onde eu acho que você acha e ninguém sabe ao certo o que se passa...
Vivendo a vida sem o afã de nomear o desejo, esquecida de mim, atropelando os dias, vestindo o desejo com Lexotan, álcool e estimulantes.
Até que não me reconheci mais...
Quem era aquela mulher que amanhecia sem saber onde e com quem?
Quem era aquela mulher seduzindo a pessoa à sua frente sem pensar em quem estava ao seu lado?
Quem era aquela, jogando para ter o que e quem queria?
Acho que foi aí que a poeira baixou e pude ver onde estava. As paredes caídas, as estruturas ruídas...
Começo a por ordem nas coisas.
E ontem, na mesa do bar, com os amigos, esses sim "de palavra" , senti que estava onde deveria estar.
quarta-feira, janeiro 20, 2010
LUZES DA MINHA CIDADE
segunda-feira, janeiro 18, 2010
A CAMINHO DE CASA
no ato impensado,
no encontro desencontrado,
no medo de ser o que não se sabe...
Sinto,
o corpo colado ao meu,
respiração na minha nuca,
boca molhando a minha...
Sigo,
querendo teus olhos descansando nos meus,
teus cabelos em meu peito,
minha mão na sua...
Tranquilizo,
desejo tem seu trajeto,
mas não é eterno!
sexta-feira, janeiro 15, 2010
MAIS UM DIA
Mais um dia
em que a realidade não trouxe nada além de verdades vazias.
Mais um dia
em que a chuva forte não trouxe tranquilidade à conversa entre os desejos e possibilidades.
Mais um dia
em que o mundo, no ano do tigre, pôs suas garras de fora.
Mais um dia
sem saber para onde.
Mais um dia...
Quem sabe mais um dia apenas baste.
quarta-feira, janeiro 13, 2010
NAS MADRUGADAS
menos ausência de palavras...
Para nenhum deles tive o tempo necessário.
Esse imensurável, que nunca nos diz quando lançará seu último grão de areia na ampulheta.
Eu não sei... cada vez sei menos!! O passar do tempo me trouxe isso.
Sei de coisas pontuais. Como do cheiro do pescoço que se esconde embaixo do seu cabelo ao amanhecer.
Sei da sedução latente enquanto dorme.
... ainda saberia desfrutar da nossa cadência de suor e desejo insone madrugadas a dentro.
sábado, janeiro 09, 2010
SEDUZIR
Para cada um há um jeito.
Para mim? Bom ainda não sei ao certo.
Cheiro. Olhar. Pele. Palavra.
As vezes acho que é mais além,
que é inominável,
incomunicável.
Me atrai a impossibilidade. O tabu. O que promete e não realiza.
Me atrai a curva inexata do seu quadril. A risada solta. O franzir da testa. A cadência da lingua.
O cinismo do pretenso não desejo.
Sim, eu quero!
Vem agora. Sem compromisso. Sem por quê.